Resumo
A silicose é um antigo problema de Saúde Pública, porém ainda pouco reconhecida e estudada em lapidários de pedras semipreciosas. O objetivo do presente estudo foi conhecer parte do perfil clínico-epidemiológipo de tais trabalhadores, assim como comparar o grupo de pacientes sintomáticos ou com diagnósticos tardios, representados neste estudo pelos denominados "casos-sentinela", com os assintomáticos ou pouco sintomáticos, representados pelos considerados como "busca-ativa". No período de abril de 1993 a dezembro de 2003 foram atendidos no Ambulatório de Doenças Profissionais do Hospital das Clínicas, UFMG, 61 lapidários expostos à sílica, os quais foram submetidos à anamnese clínica, ocupacional, espirometria e radiografia de tórax nos padrões da Organização Internacional do Trabalho. A silicose foi diagnosticada em 26 casos, alguns com formas graves da doença, apesar de ainda jovens. Foi diagnosticada tuberculose pulmonar em 12 dos pacientes, sendo que 90% deles eram portadores de silicose. Dos 17 pacientes considerados "casos-sentinela", 6 evoluíram para óbito por insuficiência respiratória devido à silicose e suas complicações. Verificou-se que o início das atividades ocorre precocemente, em pequenas oficinas, no próprio domicílio, envolvendo uma parcela de mão-de-obra feminina e infantil, trabalhando em precárias condições, com longos períodos de exposição à sílica. Além da gravidade dos casos atendidos, foi constatado grande desconhecimento do risco ocupacional por parte dos lapidários, indicando necessidade de ações de caráter multidisciplinar, incluindo busca ativa, dirigida a estes trabalhadores.
Palavras-chave: Silicose; Pequenas Empresas; Lapidação; Exposição à Sílica.