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ARTIGOS ORIGINAIS

Poeiras em Aviários

Dust in Aviaries

Francisco Cortes Fernandes

RESUMO

OBJETIVO: O presente artigo busca identificar os possíveis riscos ã saúde dos trabalhadores, relacionados à exposição a poeiras oriundas do trabalho em aviários, com o fim de auxiliar g elaboração do Programa de Proteção Respiratória (PPR) nesses locais.
METODOLOGIA: Através de uma pesquisa bibliográfica buscando os tipos de poeiras e sua composição provável em aviários, procurou-se na literatura médica as doenças a elas ligadas, bem como se avaliou a lista de doenças ocupacionais da Previdência Social relacionadas à exposição a poeiras. Foram identificadas as doenças ou os danos que podem ter conexão com sua exposição. A partir dessa lista de doenças, buscaram-se os conhecimentos técnicos pertinentes indispensáveis à prática da Medicina do Trabalho no manejo dessas patologias, com referência na Classificação de Schilling em cada uma deIas.
RESULTADOS: Existem várias doenças relacionadas à exposição a poeiras em aviários que necessitam de um diagnóstico preciso, envolvendo procedimentos médicos variados, sendo elas: rinite ocupacional, carcinoma de seios da face, sinusite, asma ocupacional, pneumonite por sensibilidade, síndrome da poeira orgânica tóxica e doença pulmonar obstrutiva crônica. Esse conhecimento é indispensável à prática da Medicina do Trabalho nesses locais e o profissional necessita estar envolvido e familiarizado com essas doenças, a fim de bem caracterizar o nexo com o trabalho e realizar os procedimentos necessários ao diagnóstico e tratamento.
CONCLUSÃO: Na prática da Medicina do Trabalho relacionada a atividades em aviários, o conhecimento adequado a respeito dos riscos e das patologias a eles relacionados é um importante auxiliar na implementação e manutenção do PPR. Partindo-se desse conhecimento, torna-se mais eficaz o gerenciamento do programa, proporcionando um eficaz acompanhamento dos trabalhadores desse segmento.

Palavras-chave: Poeira; Madeira; indústria da Madeira; Doenças Ocupacionais; Medicina Ocupacional; Aves.

ABSTRACT

OBJECTIVE: This article aims to identify the dust hazards for aviary workers and establish links that could explain the etiology of (respiratory diseases. This would assist the elaboration of the Respiratory Protection Program (RPP) for the aviary work places.
METHODS: From a literature review searching for dust classification prone to appear in the aviary industry, and its composition, the diseases linked to this environment were analyzed and identified. From the ofiicial Public Social Security list of diseases related to dust hazard, information was collected and important measures were outlined to improve daily practice for health care professionals. Schilling classification was referred to in each disease related to esposítion to organic dust and wood dust.
RESULTS: There are several diseases related to occupational exposition to dusts in aviary, and the correct djagnosis in each one is very important, involving different medical procedures. The maio diseases are: occupational rhinitis, cancer of the nasal cavity, paranasal sinus disease, occupational asthma, hypersensitivity pneumonitis, organic dust toxíc syndrome and chronic obstructive pulmonary disease. The knowledge about each disease is very important to improve the good pratice of Medidne, involving procedures to establish links to work related cases. The pratice of Occupational Medicine in the aviary industry is improved with the correct knowledge about the hazards and diseases related to this enviroment. We can improve the management of the Respiratory Protection Program by using the correct knowledge and knowing well how to control worker's exposure to dust in aviary.

Keywords: Dust, Wood; Lumber Industry; Occupational Diseases; Occupational Medicine: Birds.

INTRODUÇÃO

O Programa de Proteção Respiratória (PPR) tem por finalidade dar proteção contra a inalação de contaminantes nocivos e contra a deficiência de oxigênio no ambiente de trabalho. Pretende o presente artigo contribuir para a aplicação prática do programa de proteção respiratória nos aviários.

Os aviários utilizados pelas agroindústrias são estruturas retangulares que possuem uma área construída de aproximadamente 1.200 m2. Geralmente apresentam uma grande porta de entrada em uma extremidade e, lateralmente, existe uma meia parede de tijolos, que é complementada até o teto por um aramado. Esse aramado possui, na face externa, uma cortina de plástico removível, conforme a necessidade dos animais por mais ou menos calor. Existem em seu interior bebedouros e comedouros dispostos no solo, além de grandes ventiladores para serem usados nos dias quentes ou, inversamente, aquecedores a gás, em caso de tempo frio. O piso cimentado é recoberto por um material chamado de maravalha, um composto que contém principalmente serragem de madeira, utilizado com a finalidade de absorver a umidade do galpão, diluir a matéria fecal e isolar as aves do contato direto com o piso, atuando como um colchão protetor. As tarefas principais do trabalhador de um aviário são disponibilizar água e ração, recolher e retirar aves mortas, remover a cama do aviário e realizar limpeza do local e arredores. Geralmente são abrigadas cerca de 23 aves por m2 de construção1.

Esses locais podem conter amônia (proveniente do metabolismo animal), monóxido de carbono (proveniente do aquecimento a gás), ácido sulfídrico (proveniente do esterco líquido) e poeiras orgânicas que permanecem no ar como bioaerossóis, contendo excrementos de aves, penas e caspa, insetos, ácaros e partes deles, além de microorganismos como bactérias, vírus e fungos, toxinas e histamina2. Embora em quantidade menor que em serrarias, pode ainda conter pó de madeira em suspensão, derivado da mistura do mesmo com a maravalha. A existência dessa poeira em suspensão deve-se principalmente à viragem da cama do aviário, atividade recomendada para aerar, aumentar a superfície de secagem e evitar aumento de temperatura do local, que, dependendo da fase de crescimento dos animais, é realizada até diariamente. O uso freqüente de ventiladores tem a finalidade de ajudar na secagem da cama e na renovação do ar nesses locais, sendo outro fator gerador de poeiras. Finalmente, a movimentação das próprias aves também contribui para a existência da poeira3.

Observa-se assim a possibilidade de existência de dois tipos de poeiras nesse ambiente laborai: poeiras orgânicas e poeiras de madeiras.

Sabe-se que os contaminantes de origem biológica veiculados pelo ar incluem os bioaerossóis e compostos orgânicos voláteis liberados por esses organismos. As poeiras de madeira4 são geralmente originadas quando ocorre manipulação ou corte de madeiras ou derivados, já as poeiras orgânicas5 são poeiras de origem vegetal, animal ou microbiológica, que existem na silagem, nos aviários, nas pocilgas e em outras instalações.

No estudo das poeiras de madeira, observa-se que, para propósitos industriais, a mesma é classificada em dois tipos:

• madeiras macias, derivadas de coníferas, com denominação botânica de Gymnospermae com sementes expostas. As coníferas ocorrem em regiões temperadas e frias; são exemplos o pinheiro verdadeiro (Pinus), os cedros, os abetos, as lariças, os ciprestes, as araucárias, a tuia e a sequóia.

• madeiras duras, decíduas, botanicamente denominadas de Angiospermae, com sementes encapsuladas, cujas folhas caem no inverno nas zonas temperadas. São exemplos de madeiras duras o mogno, o angelim, a aroeira, a cerejeira, o freijó, a imbuia, o jacarandá, o louro, o carvalho, a nogueira e o álamo.

De importância neste estudo é a expressão "madeira de lei", muito utilizada popularmente e que não tem definição técnica. Para o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA)6, tal expressão deriva de uma Carta de Lei de 1827, que incumbia os juizes de fiscalizar o corte de madeiras de construção em geral, evitando devastações florestais, por isso denominadas de madeira de lei. Atualmente, essa expressão é usada referindo-se a madeiras duras, próprias para construção, ou, ainda, como sinônimo de madeira boa. O IBAMA recomenda que tal expressão não seja utilizada em documentos oficiais, deve-se citar o nome científico, ou seus nomes comuns mais conhecidos.

O pó de madeira é constituído de celulose, lignina e compostos orgânicos como terpenos, ácidos graxos, ácidos resínicos, fenóis, taninos, fiavanóides, quinonas, lignanos e estilbenos. Cerca de 50% desse pó são constituídos por celulose, poliose e lignina, variando a composição de acordo com o tipo de madeira, dura ou macia7.

Ainda relativamente ao pó de madeira, a American Conference of Governmental Industrial Hygienists (ACGIH)8 está estudando as espécies de árvores comercialmente importantes identificadas como indutoras de sensibilização, com o objetivo de implementar uma listagem de "Limites de Exposição" para substâncias químicas e agentes físicos. Essa lista contempla madeiras macias (como sequóia, pinheiro e tuia); madeiras duras (como carvalho, choupo e faia), além de madeiras tropicais (massaranduba, cabreúva, jacarandá, cedro, Pau Brasil, pau marfim). Esse fato é importante ao avaliar a origem provável da madeira da maravalha, podendo sinalizar ao médico do trabalho uma provável origem ocupacional da enfermidade.

O material utilizado para cama de aviário (maravalha) é variado: raspas ou serragem de pinho ou eucalipto, além de outros tipos variados de madeira. Em algumas regiões, são utilizadas cascas de arroz, amendoim, café, bagaço de cana, palha, feno, capim e papel processado. Será enfocado, no presente artigo, somente a cobertura com madeira.

Os efeitos do pó de madeira para a saúde variam de acordo com a espécie de árvore, a quantidade de poeira no ambiente e o tempo de exposição. Os principais distúrbios relacionados à exposição ao pó de madeira são: 1. asma ocupacional; 2. doença pulmonar obstrutiva crônica; 3. rinosinusite; 4. adenocarcinoma de seios da face9.

Já a poeira orgânica pode incluir partículas de grãos, pólen, esporos de fungos, hifas, micotoxinas, bactérias e endotoxinas, além de penas, células da pele das aves e excrementos. Os principais distúrbios relacionados à exposição a este tipo de agente são: 1. rinite; 2. asma ocupacional; 3. alveolite extrínseca alérgica (pneumonite por hipersensibilidade); 4. síndrome da poeira orgânica tóxica; 5. sintomas respiratórios agudos não alérgicos (aslhma-like syndrome); 6. doença pulmonar obstrutiva crônica10.

O limite de tolerância para exposição às poeiras orgânicas adotado na Suécia é de 5 mg/m3 de ar11. Já o limite de exposição às poeiras de madeira divulgado pela ACCIH é de 1 mg/m3 para espécies não alergênicas e 0,5 mg/m3 para espécies alergênicas. A celulose tem um TWA (Time Weighied Average) recomendado pela ACGIM de 10 mg/m3. Países da Europa12 têm limites diversos para poeiras em geral, que variam entre 2 a 5mg/m3, e para madeiras duras entre 1 a 4 mg/m3.

Nos casos em que se apresentam poeiras de diferentes agentes, situação dos aviários, esses limites podem ser alterados pela possibilidade de sinergismo dos agentes. Ocorre um efeito aditivo quando a soma dos efeitos biológicos de cada um dos agentes isolados é igual à soma de tais efeitos. Quando duas substâncias tiverem efeitos similares, devem ser considerados seus efeitos combinados, e não os individuais.

A ACGIH indica TLV's (Threshold Limit Values) para certas substâncias de origem biológica, como celulose, poeiras de madeira, algodão e grãos, sacarose, enzimas proteolíticas, piretróides e amido. Entretanto, para a maioria das substâncias de origem biológica, não há nenhum limite de tolerância. Baseado nesse dado, a entidade recomenda, como forma de avaliar essa exposição, que seja baseada na inspeção visual, no levantamento dos sintomas dos trabalhadores e na avaliação pulmonar. Esses dados são fundamentais na elaboração de um PPR consistente para esses locais de trabalho.

As poeiras encontradas nos aviários são classificadas como bioaerossóis e se enquadram na definição de partículas não especificadas de outra maneira (PNOS). São classificados como PNOS porque, apesar de não causarem fibrose, não são biologicamente inertes, podendo ocorrer efeitos adversos; então, recomenda-se que as concentrações ambientais devam ser mantidas abaixo de 3 mg/m3 para partículas respiráveis e 10 mg/m3 para partículas inaláveis. Os pressupostos para o reconhecimento de particulados como PNOS são conter menos de 1% de sílica livre e ausência de asbesto, pois o aerossol fibrogênico deve conter acima de 7,5% de sílica cristalina13 . Já os particulados orgânicos naturais podem ser de origem vegetal (grãos e fibras) ou animal (pêlos e resíduos).

Geralmente, no ambiente dos aviários, visualiza-se a presença de poeiras em suspensão. Para melhor avaliar esse dado, referencia-se à informação de Alpaugh14 de que o limite de visibilidade das poeiras em suspensão é 50 µm. Quando se encontram entre 10 a 50 µm, são visíveis somente com feixe luminoso e, abaixo desses níveis, são visíveis somente em altas concentrações. Esse tamanho torna-se importante na avaliação dos riscos dos bioaerossóis.

O tamanho dessas partículas, ainda de acordo com Alpaugh, seria:

• partículas de poeira de madeira teriam entre 1,3 a 33 µm;

• bactérias variam entre 0,1 a 50 µm;

• vírus e proteínas variam entre 0,01 a 0,05 µm.

As partículas maiores de 10 µm não ficam muito tempo em suspensão nem penetram profundamente no pulmão e a retenção de partículas acima de 30 µm acontece ao nível das narinas.

As atividades desenvolvidas nos aviários, bem como o tempo de realização das mesmas, são dados importantes na avaliação da exposição ocupacional15. Salienta-se assim que, de acordo com a atividade realizada, haverá maior ou menor presença de particulados em suspensão, portanto não se pode comparar atividades de limpeza de telas e cortinas com a de raçoamento em termos de existência de poeiras em suspensão. Outro dado importante refere-se ao estágio de crescimento dos animais, que deve ser levado em conta, pois animais menores produzem menor dispersão de poeiras. Simpson16, em um estudo comparativo a respeito da exposição a poeiras orgânicas e endotoxinas em diferentes indústrias, encontrou uma exposição pessoal a poeiras orgânicas em diferentes atividades nas criações de aves, entre níveis de um mínimo de 1,49 mg/m3 e um máximo de 34,49 mg/m3, com uma média de 11,53 mg/m3.

Donham17, em um ensaio clínico controlado, ao observar a exposição e a concentração a poeiras, endotoxinas e amônia em trabalhadores de aviários, verificou uma diminuição da função pulmonar em trabalhadores expostos a níveis elevados desses riscos, propondo um limite de tolerância de 2,4 mg/m3 para poeiras totais e 0,16 mg/m3 para poeiras respiráveis, 614 EU/m3 de endotoxinas e 12 ppm para a amônia.

Identificada a existência desse risco, definem-se os termos exposição aguda e exposição crônica, relacionados a seus efeitos (também agudos e crônicos). Exposição/efeitos agudos relacionam-se à exposição a altas concentrações em curto espaço de tempo. Já os efeitos crônicos, relacionam-se com a exposição continuada durante a jornada de trabalho, sem a devida proteção.

O agente biológico18 pode ser introduzido através de via respiratória, cutânea e gastrointestinal. Discute-se a seguir esse contato mais profundamente:

• as partículas depositadas nos alvéolos podem demorar meses para serem fagocitadas pelos macrófagos alveolares. Após fagocitar, os macrófagos podem permanecer no local da fagocitose, migrar para os dutos ciliares ou penetrar no interstício alveolar. O tipo de reação vai depender da interação entre a partícula fagocitada e o macrófago. Existem partículas de alguns materiais que apresentam pouca toxicidade para o macrófago, que contínua vivo após a fagocitose (são exemplos característicos o Fe e C. Essas partículas são chamadas de poeiras incômodas, inertes, inócuas ou não-fíbrogênicas (PNOS). Causam pneumoconiose por acúmulo, e não por reação tecidual. As poeiras que provocam reação tecidual são denominadas de fibrogênicas (por exemplo, o asbesto). Assim, os dois grupos principais19 de doenças ocupacionais pulmonares relacionadas ao trabalho podem ser classificadas em doenças das vias aéreas; o principal exemplo é a asma ocupacional, e as do tecido pulmonar, onde aparecem as pneumoconioses;

• exposição polo trato intestinal; pode ocorrer quando o trabalhador fuma ou come no local de trabalho, sem tomar os devidos cuidadas de higiene, sendo os compostos lipossolúveis facilmente absorvidos pelo estômago;

• exposição via dérmica: agentes podem atuar por exposição direta, podendo ser auxiliada pelo suor.

Os agentes biológicos podem causar doenças em humanos, em razão da presença de organismos vivos, como insetos, fungos, bactérias e parasitas. Multas vezes, aparecem como contaminantes de resíduos vegetais ou, simultaneamente, com agentes químicos. A exposição a esses agentes pode ocorrer via respiratória, pelo trato gastrointestinal e pela via dérmica.

Para Schenker20, o impacto da exposição a esses agentes depende de algumas variáveis a serem consideradas, como:

• a exposição orgânica pode afetar as vias aéreas, dependendo da antigenicidade do material e do hospedeiro;

• a inalação de materiais como esporos de fungos pode levar a disfunções parenquimatosas;

• as endotoxinas podem levar à síndrome da poeira tóxica.

Um importante dado a respeito da exposição a poeiras de aviários se refere aos possíveis alérgenos respiratórios A Agência Européia de Saúde e Segurança21 elaborou uma lista de prováveis alérgenos respiratórios em diversas atividades. No caso dos aviários, estariam representados eventualmente por colofônio, fundos, proteínas urinárias, epitélios animais, ácaros e pós de madeira.

No Brasil, a Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho da Previdência Social22 aponta os fatores de risco de natureza ocupacional conhecidos. Nessa lista, buscou-se relacionar os itens relativos à exposição a poeiras orgânicas, a poeiras de madeira e a doenças a ela relacionadas. Foi obtido o seguinte resultado:

1. Doenças da Pele e Tecido Subcutâneo:

• dermatites alérgicas de contato;

• dermatite de contato por irritantes;

• urticãria de contato;

• outras formas de hiperpigmentação pela melanina (melanodermia).

2. Doenças do Sistema Kespiratórro:

• outras rinites alérgicas;

• sinusite crônica;

• outras doenças pulmonares obstrutivas crônicas (asma obstrutiva, bronquite crônica, bronquite asmática, bronquite obstrutiva crônica);

• asma.

Serão enfocadas neste trabalho somente as doenças relacionadas ao sistema respiratório.

Algranti23 observa que no Brasil os números da Previdência Social não refletem a real prevalência de doenças ocupacionais pulmonares, embora, nos últimos anos, tenha havido uma ampliação do conhecimento dos agravos respiratório, notadamente os efeitos da exposição a poeiras orgânicas, asbesto e asma ocupacional. Observa, ainda, que o controle do tabagismo pode ser tão ou mais importante que a exposição ocupacional em determinadas profissões24. Viegas25 relata que o diagnóstico e o tratamento de distúrbios das vias aéreas nos trabalhadores rurais são difíceis devido às peculiaridades da profissão, e sua prevalência é desconhecida. Alencar26 encontrou valores espirométricos significativamente menores que os previstos em trabalhadores de aviário expostos geralmente a uma jornada média nos aviários de cinco horas diárias, além de comprovar que o hábito de fumar aumenta os riscos respiratórios desses trabalhadores.

O Center for Disease Control and Prevention-CDC27, em relatório referente aos anos de 1993 a 1999, ordena as poeiras minerais e orgânicas em terceiro lugar como causadoras de asma ocupacional, com 11% dos casos totais de asma; antecedidas pelos materiais de limpeza, com 12% dos casos; e agentes químicos, com 20% dos casos. A agricultura respondeu, nesse período, por 4,8% dos casos de asma ocupacional nos Estados Unidos. Esse mesmo relatório, em relação à pneumonite por sensibilidade, coloca o agricultor como a classe trabalhadora mais atingida por essa patologia, seguido peto trabalhador da construção civil.

A Enciclopédia de Salud y Seguridad en el Trabajo28 apresenta uma incidência de asma na população adulta em geral entre 3% e 5%, e, entre estes, 2% a 23% têm relação com o trabalho, onde a exposição a poeiras orgânicas é citada como risco.

No Brasil, em uma busca realizada na base de dados da Previdência Social29, a respeito de doenças ocupacionais, no item “doenças das vias aéreas devido à exposição a poeiras orgânicas", não foi encontrado nenhum registro nos anos de 1999 e de 2000, mas, nos anos de 2001 e de 2002, foi registrado um caso em cada ano, totalizando dois casos registrados em quatro anos de pesquisa.

Outra questão importante a respeito dos riscos do trabalho na agricultura pode ser mais bem entendida através das conclusões de um estudo30 realizado em Minas Gerais sobre o uso de EPI's (Equipamentos de Proteção Individual) pelos trabalhadores rurais que manipulam agrotóxicos: 13,7% das pessoas afirmaram não usar proteção, e foram encontrados sinais de intoxicação em 50,3% dos indivíduos. Como a percepção de risco parece ser maior para agrotóxicos que para poeiras, pode-se pensar em uma porcentagem maior de expostos a poeiras que não utilizam corretamente os equipamentos de proteção.

Esses fatos apontam para a necessidade de mais estudos em relação a esse agente ocupacional, fato explorado no presente artigo.

 

 

METODOLOGIA

A partir do entendimento a respeito da composição das poeiras em aviários, buscaram-se as doenças ligadas à exposição a poeiras orgânicas e a poeiras de madeira, bem como as respectivas vias de penetração, cruzando informações da bibliografia pesquisada com a lista de doenças ocupacionais do INSS. Chegou-se, então, a uma lista de distúrbios ligados a esse tipo de exposição.

Da lista obtida, buscaram-se os conhecimentos técnicos pertinentes indispensáveis à prática da Medicina do Trabalho no manejo dessas patologias, referendando a Classificação de Schilling31 em cada uma delas. A Classificação de Schilling31 escalona o adoecimento dos trabalhadores e sua relação com o trabalho nos seguintes grupos:

• grupo I: doenças em que o trabalho é causa necessária, tipificadas pelas doenças profissionais e pelas intoxicações agudas;

• grupo II: doenças em que o trabalho pode ser um fator de risco contributivo, mas não necessário, exemplificado por todas as doenças comuns, mais freqüentes em determinados grupos ocupacionais, com nexo causal de natureza eminentemente epidemiológica;

• grupo III: doenças em que o trabalho é um provocador de um distúrbio latente, ou agravador de doença já estabelecida, ou seja, com causa, tipificada pelas doenças alérgicas de pele e respiratórias e distúrbios mentais, em determinados grupos ocupacionais.

 

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A lista obtida através da metodologia citada pode ser dividida em dois grupos distintos, ou seja, grupo da exposição ao pó de madeira e grupo da exposição a bioaerossóis de aviário, tendo a seguinte conformação de acordo com a localização anatômica no trato respiratório: 1. as principais doenças do trato respiratório superior relacionadas com a exposição a poeiras em aviários32 são rinite alérgica ocupacional, adeno-carcinoma de seios da face e sinusite; 2. as doenças pulmonares relacionadas com a poeira33 são asma ocupacional, pneumonite por sensibilidade, síndrome da poeira orgânica tóxica e doença pulmonar obstrutiva crônica.

Passa-se a discutir pontos essenciais dessas patologias de importância para a prática da implementação do PPR, do ponto de vista da Medicina do Trabalho e os profissionais da área:

• rinite alérgica: doença que envolve a presença de uma predisposição genética (atopia), exposição ao alérgeno e desenvolvimento de anticorpos IgE nas células do tecido nasal. É classificada de acordo com a exposição ao alérgeno e tempo de aparecimento, nas seguintes formas: sazonal, perene e mista. A forma sazonal é provocada principalmente por exposição a árvores, esporos e grama. Ocorre em aproximadamente 20% dos casos de rinite. A forma perene corresponde a 40% dos episódios e incide em aproximadamente 17% da população em geral com a idade entre 18 e 24 anos. Existe ainda uma forma mista, responsável por 40% dos casos. Caracteriza-se pelo aparecimento de espirros, prurido nasal, rinorréia e congestão nasal, muitas vezes acompanhada de prurido nos olhos e nos ouvidos, cujos passos diagnósticos como história médica, exame físico, testes diagnósticos e terapia estão bem detalhados por Bush34. O protocolo de procedimentos médico periciais da Previdência Social35 observa haver maior ocorrência de rinite ocupacional em pessoas que já tiveram episódios de rinite ocasionada por outras etiologias. Ao encontrar outros alérgenos desencadeadores do quadro clínico no ambiente laboral, há o agravamento da doença, sendo, neste caso, classificada como pertencente ao grupo III da Classificação de Schilling. Em caso de sensibilização sem história prévia, seria classificada como grupo 1. Esses alérgenos respiratórios têm características comuns para desencadear a doença, como: a. são necessárias exposições repetidas, mesmo de baixa concentração e longa duração, para se desenvolver o distúrbio; b. são afetadas somente algumas das pessoas expostas; c. após ocorrer a sensibilização, mesmo o contato com pequenas concentrações pode desencadear os sintomas36.

• carcinoma de seios da face: a exposição a poeiras de madeira dura está relacionada ao câncer de seios da face, principalmente nas indústrias moveleiras.

• carcinoma de seios da face: a exposição a poeiras de madeira dura está relacionada ao câncer de seios da face, principalmente nas indústrias moveleiras.

A primeira referência da relação entre câncer e exposição à poeira de madeira ocorreu na Inglaterra, em 1965, onde um otorrinolaringologista observou uma incidência maior de câncer da cavidade nasal e sinusite em pessoas envolvidas na produção de cadeiras. A substância exata presente na madeira e relacionada à carcinogênese ainda não foi identificada37, mas sabe-se que os riscos de cardnogenicidade para humanos vem sendo objeto de estudos desde 1071, através da série Monographs on the Evaluation of Carcinogenic Risksto Humam, editado pela International Agency for Research on Câncer (IARC), estando o pó de madeira classificado no grupo I da IARC, ou seja, o agente, ou mistura, é carcinogênico para o homem38. E importante lembrar que a madeira mais utilizada para a confecção da m aravalha da cama de aviário é do tipo mole, ou seja pinho e eucalipto.

Aproximadamente 50% dos casos de tumores sinonasais são de células escamosas, seguindo-se com 10% de incidência o adenocaránoma. Esses dois tipos têm sido ligados à exposição ocupacional, embora o adenocarcinoma de etmóide e o de meato médio sejam os tipos mais freqüentemente encontrados nesses trabalhadores.

Os sintomas assemelham-se aos de uma sinusite inflamatória, com dor local, odontalgia, obstrução nasal e secreção sanguinolenta.

Em trabalhadores expostos à poeira de madeira e não-portadores de câncer, foi observada ainda uma alta incidência de rinite hipertrófica crônica ou de polipose nasal. Está classificada como Schilling II em expostos a poeiras de madeira e orgânicas da indústria de mobiliários, têxtil e padarias.

É importante salientar a realização da rinoscopia nesses trabalhadores nos exames periódicos, como forma de monitoramento de sua exposição ocupacional.

• sinusite: poucos estudos foram realizados em relação à exposição ocupacional a poeiras orgânicas e à doença, entretanto seria classificada como Schilling II.

• asma ocupacional: a asma em geral responde por aproximadamente 350 mil internações no Sistema Único de Saúde (SUS), ocupando a quarta causa de internação hospitalar, com 2,3% das mesmas39. Sabe-se que existem cerca de 134 agentes biológicos40 encontrados nos postos de trabalho que podem ocasionar a asma ocupacional. Dentre esses agentes de interesse para o presente estudo encontram-se as proteínas derivadas de animais, as enzimas biológicas, os alérgenos derivados de insetos, os alérgenos derivados de plantas, as poeiras de madeira e os fungos. Esses agentes podem ser divididos, de acordo com seu peso molecular, em:

- agentes de alto peso molecular (> 1000 daltons): pesticidas, poeiras de algodão, amônia, poeiras, fumos e vapores. Geralmente causam asma por mecanismo sem sensibilização, por efeito anti-colinesterásico, inflamação ou irritação das vias aéreas. Esses agentes também podem causar, eventualmente, asma por sensibilização.

- agentes de baixo peso molecular: proteínas animais, antibióticos isodanatos, metais. Causam asma com sensibilização, por mecanismo indefinido.

Balmes33 relata a existência de dois tipos principais de asma ocupacional. O primeiro seria a asma de sensibilização, caracterizada por um tempo variável de sensibilização ao agente presente no posto de trabalho, provocando uma reação de sensibilização mediada pela IgE. A asma irritativa (também chamada de síndrome da disfunção reativa das vias aéreas) ocorreria sem um período de latência após exposição ao agente, com o mecanismo de ação ainda desconhecido. As características de uma possível relação laboral41 seriam: começo abrupto, desenvolvimento ao entardecer (muitas vezes os sintomas são noturnos), melhora nos fins de semana e férias, reconhecimento das substâncias desencadeantes e presença da doença em outros colegas tio trabalhador ocorrendo sintomas semelhantes. Sigsgaard42 apresenta uma seqüência de passos para o diagnóstico de asma ocupacional em trabalhadores expostos a poeiras orgânicas, que inclui história clínica, conhecimento dos agentes causais, medidas serradas da função pulmonar, testes imunológicos e testes de provocação brônquica. Refere, ainda, que o mecanismo mais comum de asma ocupacional em agricultores e tratadores de animais é a sensibilização mediada por IgE.

O risco relativo de um agricultor desenvolver asma ocupacional, conforme estudo realizado na Finlândia43, é de 1,41 com um intervalo de confiança de 95% entre 0,98 a 2,02 (desempregados e trabalhadores em serviços administrativos foram considerados categoria de referência de não expostos, com risco relativo = 1,0). Já na França44, por acompanhar somente trabalhadores empregados, não foi possível calcular o risco relativo, mas se observou uma incidência de 101 casos de agricultores em uma amostra de 2.178 portadores de asma ocupacional, ocupando assim o sexto lugar na lista das profissões em que mais incide a asma ocupacional.

Do ponto de vista da Medicina do Trabalho, é importante a classificação do tipo de disfunção respiratória que o trabalhador apresenta (intermitente, persistente leve, persistente moderada ou persistente grave), de acordo com o III Consenso Brasileiro de Asma, avaliado pela presença de sintomas, pelo uso de boncodilatador para alívio e resultado tio VEF1 (volume expiratório forçado no primeiro segundo), objetivando a melhor conduta a ser tomada caso a caso. Outra referência importante relaciona-se aos equipamentos e critérios a serem adotados, que devem estar de acordo com o I Consenso Brasileiro sobre Espirometria45.

Ao classificar a asma ocupacional, lembrar que, quando ocorre em trabalhadores que já possuem asma e encontram em seu ambiente de trabalho outros alérgenos desencadeadores, ela é classificada como Schilling III. No caso de o trabalhador sensibilizar-se primariamente no ambiente de trabalho origjnal, é considerada Schilling I.

Pneumonite por Sensibilidade devido a Poeiras Orgânicas (alveolite extrínseca alérgica)

Trata-se de uma doença inflamatória do parênquima pulmonar imunologicamente mediada, induzida pela inalação de poeiras orgânicas, existindo ao redor de 21 antígenos (fungos termofílicos, Bacillus subtilis, Aspergillus, Alternaria, Rhizopus e proteínas aviárias, entre outras) causadores de igual número de pneumonítes46. Caracteriza-se por uma pneumonite intersticial linfocitica, e a forma mais comum é o pulmão do fazendeiro, patologia associada à exposição ao Saccharopolyspora rectivirgula, organismo encontrado em grãos, poeiras e farinhas.

Existem distintas formas da doença47:

• forma aguda: caracterizada por dispnéia, tosse, febre e chiado, que ocorrem poucas horas após a exposição, melhorando em poucos dias;

• forma subaguda: presença de dispnéia por mais tempo, tom recorrência das crises e tosse produtiva crônica.

Na avaliação ocupacional, deve-se atentar, além dos sintomas acima citados, para alterações radiológicas, crepitação, avaliar a presença de um período de latência entre poucas semanas a alguns anos de exposição, início dos sintomas após 4 a 12 horas após a exposição e a presença de repetidas exposições a bioaerossóis ou agentes químicos.

A incidência estimada em agricultores varia em cada país, havendo notificações de 86 casos por cada mil trabalhadores na Escócia o dois a cinco casos por ano por cada 10 mil agricultores, na Suécia.

Aqui estão classificados o pulmão do fazendeiro, o pulmão dos criadores de pássaros, a bagaçose, a sequoiose, a suberose, as pneumonites devidas a poeiras orgânicas, entre outras. Classifica-se como Schilling I.

Síndrome da Poeira Orgânica Tóxica

Sob a denominação de febres por inalação, existem três tipos de patologias relacionadas: febre do fumo metálico, febre do fumo de polímeros e síndrome da poeira orgânica tóxica, esta abordada no presente artigo.

A síndrome da poeira orgânica tóxica e uma reação aguda das vias aéreas e alvéolos, ainda sem mecanismo fisiopatológico definido. Ocorre resposta inflamatória com ausência de hipensensibilidade imunológica, parecendo ser uma reação tóxica. Sua origem tem sido atribuída à exposição a endotoxinas, que são lipopolissacarídeos derivados das paredes celulares de bactérias gram-negativas28

Geralmente ocorre quando uma grande quantidade de poeira orgânica está presente no ar, o paciente apresenta crises de dispnéia, febre, tosse e mal-estar, que ocorrem após 4 a 6 horas da exposição, lembrando a pneumonite por hipersensibilidade. A melhora pode acontecer ao redor de 36 horas após o início dos sintomas. O National Instituto for Occupational Safety and Health (NIOSH)49 estima que entre 30% a 40% dos agricultores desenvolvam este distúrbio durante sua vida laboral. Classifica-se como Schilling I.

A quantidade de endotoxinas e sua relação com a contagem de bactérias gram-negativas está bem estabelecida50. Os aerossóis de endotoxinas podem ser captados em meio líquido ou em meio sólido, através de filtros, embora a determinação recomendada seja a realizada por um leste baseado na reação do lisado de Limulus amoebocyte (LAL). Esse dado é Importante na avaliação da incidência desta patologia, pois pode-se utilizar a determinação na ocorrência da mesma, a fim de preparar ações de manejo do aviário, diminuindo os níveis de endotoxinas.

Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica

Este termo é usado para descrever doenças progressivas do pulmão, englobando enfisema, bronquite crônica e asma crônica. É caracterizada pela inflamação da árvore brônquica e manifesta-se como uma tosse produtiva persistente, por pelo menos três meses no ano, durante dois anos consecutivos. É característica a limitação progressiva do fluxo aéreo e a dispnéia. Os fatores de risco51 para esta doença são classificados em fatores do hospedeiro (genético, hipersensibilidade das vias aéreas e crescimento pulmonar) e exposições (fumo, poeiras e produtos químicos ocupacionais, poluição do ar intra e extradomiciliar, infecções e condição socioeconómica). O fumo é a principal causa da doença, mas outros agentes ambientais podem, também, causar a doença em pessoas que riu oca fumaram. Entre esses agentes causadores, encontram-se as poeiras orgânicas de grãos, algodão e madeira. O diagnóstico52 é baseado na anamnese, no exame físico e em avaliações radiológica, espirométrica e de oxigenação. Aproximadamente 15% dos casos de doença pulmonar obstrutiva crônica podem ser atribuídos a fatores ocupacionais, e a Organização Mundial do Saúde53 recomenda, em sua estratégia para prevenção e controle de doenças respiratórias crônicas, a redução ã e\posição da população em geral aos fatores de risco anteriormente citados, Esse dado deve ser explorado exaustivamente na estratégia de gerenciamento do PPR. Classifica-se no grupo II de Schilling.

 

CONCLUSÕES

Os trabalhadores de aviários está o expostos a poeiras orgânicas e de madeira no seu trabalho, Esses riscos ocupacionais levam a uma alta prevalência de sintomas respiratórios agudos e crônicos. Na prática da Medicina do Trabalho, o diagnóstico correto para as patologias referidas é importantíssimo, haja vista a diferença do prognósticos e condutas, principalmente o afastamento do ambiente laboral nocivo em casos definidos. Para tanto, é importante Seguir protocolos e exames referenciados na prática clínica que devem estar claramente explicitados no PPR e ser seguidos para o diagnóstico correto dos distúrbios. A Classificação segundo Schilling auxilia no raciocínio clínico e na conduta a ser tomada nos casos de doenças ocupacionais.

A aplicação de princípios de proteção respiratória e de controles de Medicina do Trabalho pode reduzir esses riscos. A medida dessas poeiras - avaliando-se o tipo de aviário, o tipo de madeira que forma a cama de aviário, o tempo ele criação e de exposição - é fator preponderante na redução desses riscos, determinando o tipo de proteção respiratória e controles médicos. Para tanto, recomenda-se referenciar os limites atados no artigo.

Esses fatos apontam para a necessidade de um robusto PPR, embasado na avaliação segura do risco e num acompanhamento médico exaustivo dos expostos, com uma avaliação pulmonar rigorosa. Com o diagnóstico correto dessas doenças, facilita-se o trabalho de remanejamento fios casos que venham a ocorrer.

O uso correto de EPI, a implantação de Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC s) e a diminuição da exposição, entre outros, devem ser medidas exploradas à exaustão nesses locais de trabalho. O controle do tabagismo, através de programas de incentivo, deve ser uma das principais ações da área médica, além de uma correia avaliação admissional e periódica.

Essas ações seguramente requerem um trabalho multidisciplinar, com intenso envolvimento da equipe do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho - SESMT, para obter êxito operacional.

Finalmente, referencia-se as estratégias de prevenção e controle recomendadas pela Organização Mundial de Saúde54 na elaboração e condução do programa.

 

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