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ARTIGO ORIGINAL

Avaliação do estilo de vida, pressão arterial e colesterol em profissionais da indústria farmacêutica

Assessment of lifestyle, blood pressure, and cholesterol in pharmaceutical industry professionals

Cristiane Cremiude Ribeiro-Fernandes1; Lara Lopes Faco1; Danilo Costa Geraldes1; Vivienne Carduz Castilho1; Jairo Lins Borges2; Manoel Patrocinio de Moraes Neto3

DOI: 10.47626/1679-4435-2023-1070

RESUMO

INTRODUÇÃO: As doenças cardiovasculares representam a maior causa de morte em todo o mundo.
OBJETIVOS: Elucidar o estilo de vida de profissionais de uma indústria farmacêutica, avaliando os fatores de risco cardiovascular.
MÉTODOS: Tratou-se de um estudo observacional, longitudinal e prospectivo, realizado com 1.875 indivíduos de ambos os sexos. Além de questionário para identificar o estilo de vida, foram realizados cálculo do índice de massa corporal, aferição da pressão arterial e coleta de amostra de sangue para dosagem de colesterol total sérico e hemoglobina glicada.
RESULTADOS: 83% nunca tinham fumado; 48,1% não faziam atividade física regularmente e mulheres tendiam a realizar menos atividades físicas do que homens; 57,6% consumiam menos de duas porções de frutas ou verduras por dia; 63,8% consumiam peixe menos de uma vez por semana; 51,6% consumiam menos de um copo por dia de bebidas com açúcar, sendo que as mulheres consumiam menos bebidas açucaradas do que homens. A maioria dos participantes apresentou índice de massa corporal entre 25 e 29,9 m/kg² ou entre 18,5 e 24,9 m/kg² (43,6%), colesterol total abaixo de 200 mg/dL (75,1%), hemoglobina glicada abaixo de 5,7% (86,0%), pressão arterial sistólica entre 120-139 mmHg (47,6%), e pressão arterial diastólica menor que 80 mmHg (56,1%).
CONCLUSÕES: Os dados são condizentes com informações de literatura, demonstrando que é possível melhorar hábitos como tabagismo, alimentação e prática de atividade física regularmente.

Palavras-chave: medicina do trabalho; doenças cardiovasculares; indústria farmacêutica; estilo de vida saudável.

ABSTRACT

INTRODUCTION: Cardiovascular diseases are the leading cause of death worldwide.
OBJECTIVES: To elucidate the lifestyle of in pharmaceutical company professionals, evaluating cardiovascular risk factors.
METHODS: This is an observational, longitudinal, and prospective study conducted with 1,875 individuals of both sexes. In addition to a questionnaire to identify participants’ lifestyle, calculation of body mass index, blood pressure measurement, and collection of blood samples to measure serum total cholesterol and glycated hemoglobin were performed.
RESULTS: 83% of respondents had never smoked; 48.1% did not perform regular physical activity, and women tended to perform less physical activity than men; 57.6% consumed less than two servings of fruits or vegetables per day; 63.8% consumed fish less than once per week; 51.6% consumed less than one glass of sugary drinks per day, with women consuming fewer sugary drinks than men. Most participants had a body mass index from 25 to 29.9 m/kg² or from 18.5 to 24.9 m/kg² (43.6%), total cholesterol levels below 200 mg/dL (75.1%), glycated hemoglobin below 5.7% (86.0%), systolic blood pressure from 120 to 139 mmHg (47.6%), and diastolic blood pressure below 80 mmHg (56.1%).
CONCLUSIONS: The data obtained in this study are consistent with those from the literature, demonstrating that it possible to improve habits such as smoking, diet, and physical activity.

Keywords: occupational medicine; cardiovascular diseases; pharmaceutical industry; healthy lifestyle.

INTRODUÇÃO

As doenças cardiovasculares (DCV) representam a maior causa de morte em todo o mundo, especialmente nos países em desenvolvimento1. Cerca de 3/4 das mortes por DCV ocorrem em países de baixa e média renda coo Brasil2, possivelmente devido ao fato de a população não ter o benefício dos programas integrados de atenção primária para diagnóstico precoce, além do menor acesso a serviços de saúde eficazes. Além disso, as DCV representam um dos fatores que mais contribuem para os gastos em saúde3,4.

As DCV podem ser consideradas como patologias complexas, uma vez que são influenciadas tanto pela predisposição genética como pelo estilo de vida5. Diversos hábitos, costumes, práticas e comportamentos compõem o estilo de vida saudável. Dentre eles, destacamse alimentação equilibrada, ingestão de quantidade adequada de água, repouso de 7 a 8 horas/dia e realização de atividade física6. Alguns estudos indicam que, quanto maior o número de hábitos saudáveis praticados, menor a ocorrência de afecções cardiovasculares, menor a mortalidade, e maior a expectativa de vida5,7.

Dentre os fatores mais importante para doenças cardíacas, podem-se destacar dietas inadequadas, sedentarismo, uso de tabaco e uso nocivo do álcool. Além disso, existem os fatores comportamentais de risco, que podem se manifestar em indivíduos por meio de pressão arterial (PA) elevada, glicemia alta, hiperlipidemia, sobrepeso e obesidade, fatores de risco que podem indicar maior risco de desenvolvimento de ataques cardíacos, acidentes vasculares cerebrais, insuficiência cardíaca e outras complicações.

Embora diversos trabalhos avaliem hábitos de vida de diferentes profissões no Brasil8,9, a literatura carece de dados avaliando hábitos de vida de profissionais de indústrias farmacêuticas, um setor que desde o ano de 2000 tem apresentado crescimento significativo em vendas, volume de produção e tamanho das empresas10.

Diante do exposto, o objetivo deste estudo foi elucidar o estilo de vida de uma amostra dos profissionais de uma indústria farmacêutica localizada no estado de São Paulo, avaliando os fatores de risco cardiovascular.

A partir dos resultados obtidos, será possível estabelecer políticas internas eficientes para a prevenção e o diagnóstico precoce das DCV, com o objetivo de diminuir o seu impacto nas despesas governamentais com saúde e aumentar a qualidade de vida dos colaboradores.

 

MÉTODOS

O estudo foi realizado em conformidade com normas éticas e foi baseado no ICH Harmonised Tripartite Guideline – E6 – Good Clinical Practice: Consolidated Guideline, no Documento das Américas e nos princípios da Declaração de Helsinque e suas respectivas revisões.

Esta pesquisa foi encaminhada à plataforma Brasil, sendo aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o parecer número 3.811.884, com o título “Vamos conhecer melhor a sua saúde? Avaliação do estilo de vida, PA e colesterol na população de colaboradores da Libbs Farmacêutica LTDA.”

Antes de iniciar o estudo, todos os participantes receberam uma explicação detalhada dos procedimentos, objetivos, benefícios e riscos associados ao estudo, em seguida foi disponibilizado, em duas vias, o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), que foi lido, sendo esclarecidas possíveis dúvidas.

Participaram do estudo 1.875 colaboradores da empresa Libbs Farmacêutica LTDA. Os critérios de inclusão foram: indivíduos de ambos os sexos com idade igual ou superior a 20 anos e que aceitaram participar do estudo após a leitura e assinatura do TCLE.

Tratou-se de um estudo observacional, longitudinal e prospectivo conduzido durante o período de outubro de 2019 até setembro de 2020 com o objetivo de obter informações, por meio de um questionário impresso, sobre o estilo de vida e sobre parâmetros considerados importantes para a detecção de DCV, tais como PA, hemoglobina glicada e colesterol, de colaboradores de uma indústria farmacêutica localizada no estado de São Paulo.

Além do questionário, foi realizado o cálculo do índice de massa corporal (IMC), a aferição da PA por meio de equipamento oscilométrico digital (Monitor de Pressão Arterial Automático, modelo HEM 7200, Omron Heathcare Co., Ltd., São Paulo, Brasil), coleta de amostra de sangue para dosagem de colesterol total (CT) sérico e hemoglobina glicada. Após a punção, foi realizado o exame conforme as instruções do fabricante do equipamento (Accutrend Plus system, F. Hoffman - La Roche Ltd, Basel, Suíça). O valor de CT foi aferido em miligramas por decilitro (mg/dL).

A pesquisa foi realizada durante diversos eventos institucionais internos e em ações pontuais realizadas na cidade de Embu das Artes (unidade de produção). A amostra é formada por diferentes funções dentro da indústria farmacêutica, como profissionais da linha de produção, comercial, executivos e colaboradores com cargos administrativos. Em todos os cenários, houve um espaço destinado especificamente para a realização do estudo.

A análise estatística foi realizada utilizando o software SAS® versão 9.4. Os dados foram representados por meio de gráficos com medidas descritivas como média, desvio-padrão, mediana e valores mínimo e máximo, e frequência absoluta e relativa entre categorias. O teste qui-quadrado de Pearson foi utilizado para as análises de correlações.

 

RESULTADOS

As análises foram realizadas a partir de dados obtidos de 1.875 participantes do estudo. As seguintes correlações foram avaliadas: escolaridade e sexo, tabagismo e sexo; atividade física e sexo; alimentação e sexo; IMC e sexo; CT e sexo; hemoglobina glicada e sexo; PA sistólica (PAS) e sexo; PA diastólica (PAD) e sexo. A Tabela 1 apresenta as características dos participantes.

 

 

HÁBITOS: TABAGISMO, ATIVIDADE FÍSICA E ALIMENTAÇÃO

Dos participantes respondedores, 54,3% eram do gênero masculino, 65,3% possuíam grau de escolaridade pelo menos superior completo, 83% nunca tinha fumado, e 48,1% não faziam atividade física regularmente. Em relação à alimentação, 57,6% consumiam menos de duas porções por dia de frutas e verduras, 63,8% consumiam peixe menos de uma vez por semana, e 51,6% consumiam menos de um copo por dia de bebidas açucaradas.

Foram encontradas diferenças estatisticamente significantes entre os gêneros (p < 0,001): nível superior ou pós-graduação era 16,3% mais frequente em mulheres, a opção de não fazer atividade física é 7,4% maior em mulheres e a de fazer mais vezes por semana é 6,2% maior nos homens, e mulheres consomem menos bebidas açucaradas e mais frutas e verduras que homens.

Os dados relacionados aos hábitos de vidas foram correlacionados com o sexo e são apresentados na Figura 1.

 


Figura 1. Correlação entre hábitos e sexo. Escolaridade (A), tabagismo (B), atividade física (C), consumo de frutas e verdura (D), consumo de peixe (E) e consumo de bebidas com açúcar (F).

 

ÍNDICE DE MASSA CORPORAL

A maior parte dos respondedores tinha IMC entre 25 e 29,9 m/kg² (43,6%) ou entre 18,5 e 24,9 m/kg² (32,3%). Os dados em sua totalidade são apresentados na Figura 2, demonstrando a relação entre IMC e sexo. IMC abaixo de 25 m/kg foi 26,1% mais frequente em mulheres (p < 0,001).

 


Figura 2. Correlação entre índice de massa corporal e sexo. 8,8% 7,0% 1,4% 6,8% 2,1% 8,3% 27,3% 16,7% 46,5% 72,8%

 

EXAMES COMPLEMENTARES

A maior parte dos respondedores apresentou CT abaixo de 200 mg/dL (75,1%) e hemoglobina glicada abaixo de 5,7% (86%); além disso, grande parte (47,6%) apresentou PAS entre 120-139 mmHg (47,6%) e PAD menor que 80 mmHg (56,1%). As medidas de PA foram significativamente menores nas mulheres (p < 0,001): 30% a mais do que os homens apresentaram PAS menor que 120 mmHg, e 20,6% a mais apresentaram PAD menor que 80 mmHg. Os dados obtidos foram correlacionados com o sexo dos participantes do estudo e são apresentados na Figura 3.

 


Figura 3. Correlação entre exames e sexo. Colesterol total (A), hemoglobina glicada (B), pressão arterial sistólica (C) e pressão arterial diastólica (D).

 

DISCUSSÃO

Em um estudo que avaliou hábitos saudáveis de moradores da cidade de São Paulo, a prevalência de estilo de vida saudável foi de 36,9% entre idosos, 15,4% entre adultos e 9,8% entre adolescentes, sendo maior no sexo feminino entre idosos e adultos. O estilo de vida saudável foi definido de acordo com o cumprimento das recomendações para atividade física, consumo alimentar, tabagismo, consumo abusivo e dependência de álcool. Dentre aqueles com estilo de vida não saudável, 32,2% dos adultos não atingiram a recomendação para uma dieta adequada11.

No estudo supracitado, o consumo alimentar foi mensurado utilizando o Índice de Qualidade da Dieta, um índice baseado na soma de 10 componentes da dieta e que varia de 0 a 100 pontos. Quanto maior a pontuação, melhor a qualidade da dieta. Os participantes foram categorizados em tercis, de acordo com os seus Índices de Qualidade da Dieta, sendo que o consumo alimentar foi considerado adequado quando os indivíduos estavam classificados no terceiro tercil. Complementarmente, o consumo alimentar foi o principal responsável pelo estilo de vida não saudável11.

De acordo com as características apresentadas pela amostra do presente estudo, 83% dos participantes nunca fumaram, sem haver grandes diferenças entre homens e mulheres. Embora o tabagismo continue sendo um importante fator de risco para DCV e a principal causa de morte evitável em todo o mundo12, no Brasil, seu controle é um dos casos de maior sucesso global de uma política de saúde pública13. Pesquisas recentes realizadas pelo Ministério da Saúde apontam que Porto Alegre com o 14,4% de prevalência de tabagismo, São Paulo, com 12,5%, Curitiba, com 11,4%, e Florianópolis, com 11,2%, são as capitais brasileiras com maior número de fumantes14.

Cerca de a metade da amostra não pratica atividade física regularmente. De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde, no Brasil, a frequência de adultos classificados com atividade física insuficiente foi de 47%15, número muito próximo ao encontrado nesse trabalho, no qual ficou demonstrado que 48,1% da amostra não pratica atividade física regularmente.

De acordo com dados publicados em 2020 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), comparando a frequência de consumo segundo o sexo, os homens apresentaram menor frequência de consumo de todas as verduras, legumes e frutas, e as mulheres apresentaram maiores frequências de consumo de biscoitos, bolos, doces, leite e derivados, café e chá16. Já na amostra deste estudo, mais da metade dos participantes (tanto homens quanto mulheres) ingerem menos de duas porções ao dia de frutas e verduras (57,6%). Em relação ao consumo de peixe, embora não tenha sido analisado com os mesmos parâmetros deste trabalho, o IBGE apontou que a população rural é a que mais consome peixes. Peixes frescos ou alimentos à base de peixe estão mais presentes na mesa das pessoas com renda mais baixa do que na daqueles com renda mais alta16.

Quanto ao IMC, no Brasil, a prevalência de excesso de peso e de obesidade aumentou continuamente no período de 1974-1975 a 2008-2009 para ambos os sexos. Comparando com pesquisas mais recentes, observa-se que a tendência se manteve, a prevalência de excesso de peso aumentou de 49% em 2008-2009 para 57% em 2013 e a prevalência de obesidade aumentou de 15% para 21% no mesmo período17. Na amostra analisada no presente estudo, embora haja diferença entre homens em mulheres, os dados não representam diferenças importantes quando analisados em sua totalidade. Foi definido que 43,6% da amostra apresentava sobrepeso, e 23,5% apresentava diferentes graus de obesidade, sendo este um fator de grande relevância para o risco cardiovascular.

De acordo com pesquisa recente, 23,2% da população adulta mundial em 2005 estava acima do peso [24,0% em homens (23,4-24,5%) e 22,4% em mulheres (21,922,9%)] e 9,8% (9,6-10,0%) era obesa [7,7% em homens (7,4–7,9%) e 11,9% em mulheres (11,6-12,2%)]. Em 2030, o número respectivo de adultos com sobrepeso e obesidade foi projetado em 1,35 bilhão e 573 milhões de indivíduos, sem ajustar as tendências seculares. Se as tendências seculares recentes continuarem inabaláveis, os números absolutos foram projetados para totalizar 2,16 bilhões de indivíduos com sobrepeso e 1,12 bilhão de indivíduos obesos18.

A relação entre sexo e prevalência de dislipidemias não está bem estabelecida na literatura. Entretanto, documenta-se maior prevalência das dislipidemias em mulheres19. De acordo com um estudo descritivo que utilizou dados laboratoriais da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) coletados entre os anos de 2014 e 2015, a prevalência de CT ≥ 200 mg/dL na população foi de 32,7%, sendo mais elevada em mulheres (35,1%)20. Dados demasiadamente próximos aos apresentados nesse estudo, sendo que 24,9% dos respondentes apresentaram colesterol acima de 200 mg/dL, embora não tenha sido encontrada diferença com relação ao sexo.

Um estudo apresentando dados da PNS identificou que 6,6% dos adultos têm hemoglobina glicada ≥ 6,5%; e a proporção de hiperglicemia intermediária, ou prédiabetes, foi de 6,8%, quando definida pelos critérios do International Expert Committee. Em todos os critérios, as mulheres apresentaram prevalência mais elevada21. Por sua vez, neste trabalho, o percentual de participantes com hemoglobina glicada ≥ 6,5% foi bem menor, de 1,4 a 2,1% para mulheres e homens, respectivamente.

De acordo com a Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial, a hipertensão arterial em estágio 1 é determinada pela PAS entre 140-159 mmHg e pela PAD entre 90-99 mmHg. Os dados de prevalência variam de acordo com a metodologia e a casuística utilizadas. Segundo a PNS de 2013, 21,4% (IC95% 20,8-22,0) dos adultos brasileiros autorrelataram hipertensão arterial (HA). Detectou-se que a prevalência de HA foi maior entre homens22. Na população estudada neste trabalho observacional, os dados refletem o encontrado em literatura, com maior porcentagem de homens com hipertensão (31,5%) em comparação às mulheres (10,9%), sendo de 22,1% a média entre ambos os sexos.

As limitações identificadas nesse estudo incluem o fato de a população não refletir todo o âmbito de indústria farmacêutica, uma vez que cada empresa pode oferecer programas para melhor qualidade de vida de seus colaboradores. Além disso, o instrumento utilizado necessita de fidelidade da amostra ao responder o questionário, principalmente com relação aos hábitos alimentares, por ser possível a análise subjetiva de cada indivíduo ao elaborar sua resposta.

 

CONCLUSÕES

Os resultados desse trabalho são condizentes com os descritos na literatura para a população brasileira, indicando a possibilidade de melhora de alguns hábitos saudáveis, como abandono do tabagismo, alimentação balanceada e prática regular de atividade física, fatores importantes para a diminuição do risco cardiovascular.

Ações como essa que visam avaliar e acompanhar os hábitos de vida de colaboradores de uma empresa podem impactar nos custos do empregador direcionados para o cuidado da saúde dos funcionários, além de ser considerada uma ação de responsabilidade social.

A melhora desses hábitos, com o auxílio de políticas públicas eficientes podem promover mudanças positivas em parâmetros como o IMC, CT, hemoglobina glicada e PA da população. Desta forma, é possível melhorar a prevenção e diagnóstico precoce das DCV, promovendo a diminuição do impacto de despesas governamentais com saúde.

 

Contribuições dos autores

CCRF foi responsável pela concepção, análise formal dos dados e redação - esboço original. LLF foi responsável pela concepção do estudo, redação - revisão & edição - e supervisão. DCG foi responsável pela análise formal e redação - revisão & edição. VCC foi responsável pela supervisão e validação. JLB foi responsável pela supervisão e validação. MPMN foi responsável pela concepção do estudo, análise formal, supervisão e validação. Todos os autores aprovaram a versão final submetida e assumem responsabilidade pública por todos os aspectos do trabalho.

 

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Recebido em 1 de Agosto de 2022.
Aceito em 12 de Setembro de 2022.

Fonte de financiamento: Nenhuma

Conflitos de interesse: Todos os autores declaram exercer atividade remunerada na Indústria Libbs Farmacêutica Ltda., adicionalmente, informamos que os dados aqui expostos não foram influenciados pelo local de trabalho dos autores.


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