0
Visualização
Acesso aberto Revisado por Pares
ARTIGO ORIGINAL

Implementação de programa de monitoramento e rastreamento de contatos na gestão da covid-19 por uma indústria química multinacional

Implementation of a monitoring and contact tracing program to manage COVID-19 by a multinational chemical company

Daniel Astun Cirino1; Henrique Ceretta Oliveira2; Ariane Polidoro Dini2; Marcia Bandini1

DOI: 10.47626/1679-4435-2023-1109

RESUMO

INTRODUÇÃO: O trabalho ininterrupto de profissionais que atuaram na produção de insumos para uso doméstico ou para a assistência à saúde pressupôs ações para o controle da transmissão do SARS-CoV-2 no ambiente de trabalho e, assim, prevenir o adoecimento dos trabalhadores.
OBJETIVOS: Descrever os dados resultantes do rastreamento de contatos para covid-19; identificar condições de sofrimento emocional no período de 2020-2022; e verificar a associação entre variáveis laborais, uso de equipamento de proteção individual, sintomas de sofrimento emocional e a confirmação diagnóstica de covid-19 em trabalhadores de uma indústria química multinacional.
MÉTODOS: Estudo correlacional, de corte transversal. Foi analisado um banco de dados composto pelos registros de casos suspeitos entre junho de 2020 e janeiro de 2022 de uma empresa multinacional. Foi realizada análise descritiva e, para estudar as associações entre as variáveis, foram aplicados os testes qui-quadrado, sendo considerado um nível de significância igual a 5%.
RESULTADOS: Dos 4.206 registros realizados, 1.190 respostas apresentaram resultado positivo de covid-19. Profissionais maiores de 40 anos, sintomáticos, em atividade remota e que declaram dificuldades para controlar sentimentos apresentaram maior positividade para covid-19.
CONCLUSÕES: Identificou-se a potencialidade das atividades de educação em serviço presencial e que a fiscalização de medidas de controle e prevenção protegeu a saúde do trabalhador. Em relação à saúde mental, os resultados indicaram a necessidade de acompanhamento dos trabalhadores para identificar potenciais agravos e sofrimentos mentais decorrentes da pandemia.

Palavras-chave: COVID-19; pandemias; epidemiologia; busca de comunicante; saúde do trabalhador.

ABSTRACT

INTRODUCTION: During the SARS-CoV-2 pandemic, uninterrupted manufacture of products for domestic or health care purposes presupposed initiatives to control transmission in the work environment.
OBJECTIVES: This study analyzed data collected in a multinational chemical company between 2020 and 2022 through its COVID-19 contact tracing system, determining the association between work variables, personal protective equipment use, emotional distress symptoms, and diagnostic confirmation of COVID-19.
METHODS: This correlational, cross-sectional study analyzed a company database of reports of suspected cases between June 2020 and January 2022. Descriptive analysis was performed, and the chi-square test was used to study the associations between the variables, with a significance level of 5%.
RESULTS: Of the 4206 total reports, 1190 diagnoses of COVID-19 were confirmed. The following variables were associated with infection: age over 40 years, being symptomatic, being a remote worker, and reporting difficulties with emotional control.
CONCLUSIONS: The results identified the potential of on-the-job education activities, as well as that control and prevention measures protected worker health, and that worker mental health should be monitored.

Keywords: COVID-19; pandemics; epidemiology; contact tracing; occupational health.

INTRODUÇÃO

A pandemia da covid-19 impactou consideravelmente o mundo do trabalho através de mudanças advindas da implementação das medidas para controlar a transmissão, proporcionar segurança e proteger a saúde dos trabalhadores. Indústrias adaptaram seus espaços produtivos e áreas de convivência, implementando novas regras, procedimentos, controles e equipamentos1-3.

Por se tratar de uma doença infectocontagiosa transmitida primordialmente por gotículas respiratórias durante o contato próximo (ou face a face), a prevenção da transmissão da covid-19 no ambiente de trabalho está basicamente alicerçada nas seguintes estratégias: distanciamento físico, uso constante de máscara, espaços mais ventilados, higienização das mãos e dos locais de trabalho, auto-observação de sinais e sintomas, identificação para isolamento e monitoramento de casos suspeitos e testagem para a confirmação diagnóstica4,5.

O rastreamento ou mapeamento de contatos é um importante procedimento para o controle da disseminação da covid-19, ao passo que identifica proativamente indivíduos potencialmente infectados, sintomáticos ou assintomáticos, e permite que o serviço de saúde ocupacional das empresas os encaminhe para isolamento ou quarentena, proporcionando maior possibilidade de bloqueio da transmissão6,7.

A emergência de novas variantes do vírus SARS-CoV-2, a ocorrência de sequenciais surtos epidêmicos (situações popularmente conhecidas como “novas ondas”) e a inequidade na distribuição de vacinas contra a covid-19, bem como as restrições de matéria-prima que implicaram na produção aquém da necessidade mundial, configuraram um cenário global complexo e desafiador no que se refere ao controle satisfatório da pandemia1-3,5,7.

Somaram-se crises econômicas e sociais e o papel das empresas em manter seu funcionamento, proporcionando emprego e renda ao trabalhador em um contexto de maior incerteza, ambiguidade, volatilidade e complexidade do mercado global6,8,9.

O conceito de “Mundo VUCA” — sigla em inglês que significa volátil, incerto, complexo e ambíguo — foi utilizado primeiramente pelo exército norte-americano no pós-Guerra Fria, e sua aplicabilidade no ambiente corporativo é renovada em situações extraordinárias como, por exemplo, diante da pandemia de uma doença infectocontagiosa altamente transmissível8,9.

Mediante o trabalho ininterrupto de profissionais que atuam na produção de insumos como máscaras e respiradores de proteção individual, materiais de assistência à saúde ou produtos de uso doméstico, insubstituíveis mesmo a quem pode permanecer isolado no próprio domicílio durante a pandemia de covid-19, o controle da transmissão do SARS-CoV-2 no ambiente de trabalho é uma iniciativa de saúde coletiva que pressupõe ações gerenciais para promover a saúde e evitar o adoecimento dos trabalhadores1,5.

Justificou-se, portanto, este estudo relacionado à vigilância epidemiológica constantemente ativa no ambiente de trabalho e à aplicação de estratégias no controle da disseminação da covid-19, com o objetivos de descrever os dados resultantes do rastreamento de contatos para covid-19, identificar condições de sofrimento emocional no período de 2020-2022 e verificar a associação entre variáveis laborais, uso de equipamento de proteção individual (EPI), sintomas de sofrimento emocional e a confirmação diagnóstica de covid-19 em trabalhadores de uma indústria química multinacional.

 

MÉTODOS

Trata-se de um estudo quantitativo, correlacional e de corte transversal. Foi seguido o roteiro Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology (STROBE) para estudos observacionais.

O estudo foi realizado em uma multinacional que desenvolve produtos e soluções considerados essenciais à sociedade e, no âmbito da legislação sobre a pandemia de covid-19, a produção foi mantida para evitar crises de desabastecimento. O escopo produtivo da multinacional é diversificado, compreendendo cuidados com a saúde, equipamentos de proteção individual, bens de consumo, segurança alimentar, indústria, transporte, eletrônicos, automotivo e aeroespacial. Durante a pandemia, contribuiu na produção de máscaras e respiradores de proteção respiratória de alta performance, denominadas como peça facial filtrante (PFF2). No Brasil, onde foi realizado o estudo, possui aproximadamente 3.300 trabalhadores contratados em regime de consolidação de leis trabalhistas, além de aproximadamente 2.000 colaboradores prestadores de serviço.

A coleta de dados foi realizada por meio de um banco de dados construído pela área de medicina ocupacional corporativa da organização, independentemente da realização deste estudo, com o intuito de embasar o rastreamento e acompanhamento de casos dos trabalhadores e colaboradores suspeitos de covid-19.

O responsável legal pela empresa, campo deste estudo, registrou anuência para utilização do banco de dados com fins de pesquisa. O projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) e obteve parecer favorável número 5.198.871. Após a aprovação do CEP, o banco de dados foi analisado com a exclusão de dados que identificassem os trabalhadores. Todos os dados foram analisados anonimamente, e a Resolução 466/12, que diz respeito à pesquisa envolvendo seres humanos, foi respeitada.

O banco de dados foi composto pelos registros de casos suspeitos entre junho de 2020 e janeiro de 2022. As variáveis que compuseram o banco de dados foram: características de idade; sexo; sintomas; características do trabalho; utilização de respirador como EPI; identificação de potencial exposição ao SARS-CoV-2 no ambiente de trabalho através da descrição de contato próximo com casos suspeitos; modelos de trabalho remoto, híbrido ou presencial; turnos de trabalho; confirmação do diagnóstico de covid-19.

O banco de dados foi exportado para planilhas construídas no Microsoft Excel com o Microsoft 365. Para estudar as associações entre as variáveis qualitativas e a confirmação do diagnóstico covid-19, foi aplicado o teste Qui-quadrado de Pearson. Para todas as análises, foi considerado um nível de significância igual a 5%10.

 

RESULTADOS

O banco de dados foi composto por 4.206 registros de casos suspeitos entre junho de 2020 e janeiro de 2022. Importante ressaltar que o banco de dados é formado por respostas e não por respondentes, ou seja, é possível que um mesmo trabalhador tenha contribuído com diferentes registros.

Na análise dos registros, há maior prevalência (39,9%) de trabalhadores na faixa etária entre 30 e 39 anos, seguida da faixa entre 20 e 29 (25,2%) anos, 40 e 49 (23,9%), 50 e 59 (7,5%), menores que 20 anos (2,2%) e, por último, trabalhadores com idade superior a 60 anos (0,2%). No que se refere ao local de trabalho, 92,9% dos registros foram de trabalhadores que realizavam atividades nas plantas localizadas no interior do estado de São Paulo (Plantas 1, 2, 3, 5 e 6) e 7,1% na Planta de Manaus (Planta 4). O turno de trabalho mais prevalente é o matutino (31,9%), seguido pelo turno administrativo exercido por 28,6% dos 4.206 trabalhadores rastreados; o turno vespertino corresponde a 25,6%, enquanto 12,2% dos trabalhadores rastreados trabalham no período noturno. O turno com o menor número de trabalhadores (1,7%) é o 12 por 36, ou seja, aquele em que o trabalho é realizado por 12 horas em dias alternados.

O formato de trabalho da maior parte dos trabalhadores rastreados é o presencial (80,9%), com 12,1% em formato híbrido e 7% que trabalharam remotamente durante a pandemia. O tipo de contrato é uma categoria composta por três modalidades diferentes, sendo os horistas (61% da amostra) os funcionários com atuação direta na produção industrial, os mensalistas (16,6%) são os funcionários em atividades predominantemente administrativas, e os terceirizados (22,5%) correspondem aos prestadores de serviço e fornecedores. Nota-se uma prevalência superior de horistas e de trabalhadores que atuam presencialmente (Tabela 1).

 

 

Em relação às características relacionadas ao rastreamento e monitoramento da covid-19 entre os trabalhadores, foi observada uma expressiva taxa de adesão aos protocolos preventivos (98,4%) e reduzida frequência de situações relatadas como contato próximo no ambiente de trabalho (2,9%) (Tabela 2). Para o conjunto dos participantes do estudo, 1.190 respostas corresponderam a trabalhadores que apresentaram resultado positivo de covid-19, ou seja, uma prevalência de 28,3% no período estudado.

 

 

Os principais sintomas referidos na entrevista de rastreamento de contatos foram dor de cabeça (66,6%), coriza (62,8%), dor de garganta (60,8%), tosse (56,7%), dor no corpo (52,9%), congestão nasal (52,3%), febre (31,4%), irritação ocular (26%) e diminuição do olfato ou paladar (22,5%) (Figura 1).

 


Figura 1. Principais sintomas registrados no rastreamento de contatos. Brasil, 2020-2022.

 

As principais situações de exposição ao risco de contrair covid-19 na comunidade foram: frequentar hospital ou casa de repouso (51,6%); contato próximo com pessoa doente (46%); residir com mais de dois adultos (40%); visitar familiares de segundo grau (18,4%); convivência com pessoas não familiares em ambiente fechado (14,8%); permanecer em ambiente aglomerado (11,1%) (Figura 2).

 


Figura 2. Situações de exposição ao risco de contrair COVID-19 fora do ambiente de trabalho. Brasil, 2020-2022.

 

No que se refere à percepção dos trabalhadores sobre suas condições emocionais, 12,8% (n = 532) relataram alguma dificuldade para controlar seus sentimentos diante dos imprevistos do dia a dia, 4,8% (n = 201) referiram sentimento de que as dificuldades se acumulam a ponto de acreditar que não conseguirá superá-las (Figura 3).

 


Figura 3. Autopercepção emocional referida pelos trabalhadores, Brasil, 2020-2022.

 

Os profissionais da faixa etária entre os menores de 30 anos foram os que menos se infectaram, enquanto os maiores de 40 anos apresentaram maior proporção de diagnósticos positivos em relação às demais faixas etárias. Os trabalhadores em atividade remota apresentaram maior proporção de positividade para covid-19 em relação àqueles que atuaram de forma presencial ou híbrida. A utilização de PFF2 em atividade laboral foi protetora, de forma que o grupo que a utilizou apresentou menor positividade para covid-19. Os profissionais sintomáticos e que tiveram contato com algum caso positivo apresentaram maiores proporções de positividade em relação àqueles que não tiveram contato com caso próximo ou não apresentaram sintomas. Em relação às condições emocionais, os profissionais que declararam dificuldades para controlar sentimentos e reações diante de imprevistos apresentaram maiores proporções de positividade para covid-19 (Tabela 3).

 

 

DISCUSSÃO

Foi evidenciado que os trabalhadores que participaram do processo de rastreamento de contatos estavam predominantemente na faixa etária entre 30 e 39 anos (40% das respostas com 28% de confirmação diagnóstica de covid-19), no entanto, o percentual de positividade para covid-19 foi superior na faixa etária entre 40-49 anos (24% das respostas com 33% de covid-19). Ao analisar os dados de prevalência de doenças crônicas não transmissíveis por faixa etária na população brasileira, a partir da frequência relativa de hipertensão arterial sistêmica (HAS) e diabetes mellitus (DM)11, os dados das estimativas sobre frequência e distribuição sociodemográfica de morbidade referida na população brasileira indicam percentuais de HAS e DM, respectivamente: de 18 e 4% na faixa etária de 35 a 44 anos; e de 34 e 8% na faixa etária de 45 a 54 anos. Considerando o risco de agravo da covid-19 relacionado às comorbidades11,12 e as repercussões clínicas cardiovasculares da covid-19 longa, é importante que o programa de monitoramento de casos suspeitos e rastreamento de contatos atente-se aos cuidados com a população de trabalhadores de 40 a 49 anos de idade.

Sobre as características laborais da população, 88% das respostas indicam o formato de trabalho presencial ou híbrido (mínimo de 2 dias de trabalho presencial por semana), o que representa o direcionamento do foco do monitoramento e do rastreamento à população que frequentava as dependências da empresa, pois o ambiente de trabalho era considerado um local de alto risco para surtos de SARS-CoV-2 e subsequente transmissão comunitária13. Outro dado a se destacar é a participação de 22% de terceirizados (prestadores de serviço), o que também denota a inclusão de todos os trabalhadores que convivem no mesmo ambiente de trabalho, sem distinção de acordo com o vínculo empregatício, revelando apoio e suporte epidemiológico com abrangência de toda a população13.

Quanto à adesão aos protocolos preventivos dentro e fora do ambiente de trabalho, foram referidas 123 situações de potencial exposição no ambiente de trabalho em contraposição a 1.907 eventos de contato suspeito fora do ambiente de trabalho, sendo a maioria das situações externas de exposições relacionadas ao cuidado com a saúde (51% em visitas a hospitais ou casas de repouso), moradia (residir com mais de dois adultos na mesma casa) e visitas familiares.

Os interessantes resultados de autopercepção emocional (mais de 95% sem indicação de sofrimento emocional, considerando os dados da Figura 3) podem ter sido determinados pela presença dos seguintes fatores que melhoram a saúde mental: EPI disponível, treinamentos, ambiente positivo (confiança) e suporte emocional14,15.

Houve associação positiva entre menor frequência relativa de diagnósticos de covid-19 (25%) e o uso mandatório de respirador PFF-2 como EPI, em comparação com as atividades laborais em que a utilização era apenas recomendada (36%), corroborando a eficiência de um respirador de alta performance no controle da transmissão, conforme demonstrado pelos estudos do Centers for Disease Control and Prevention (CDC) dos Estados Unidos16.

Os resultados sugerem maior segurança do trabalho presencial em comparação com o trabalho remoto, aquele com 26% de respostas com diagnóstico de covid-19, e este com 46%. Dados que nos levam a uma reflexão sobre os efeitos positivos no ambiente de trabalho da adesão aos protocolos preventivos e da implementação do trabalho modificado (medidas estruturais coletivas de controle e prevenção, por exemplo, espaços mais ventilados e distanciamento físico de trabalhadores) e sobre a necessidade de maior suporte e apoio dos trabalhadores em formato de trabalho remoto, além da fadiga pandêmica, que contribui para a flexibilização do comportamento frente aos riscos da covid-1917.

A implementação do processo de rastreamento de contatos envolveu identificar, isolar e monitorar contatos dos casos suspeitos e/ou confirmados de covid-195,18. Para se obter a adesão dos trabalhadores ao processo, optou-se pela busca ativa, de forma que a vigilância epidemiológica foi um instrumento importante para destacar a capacidade de comunicação na promoção de ações para preservar e melhorar o desempenho organizacional.

No contexto da gestão de saúde do trabalhador, considerando que nunca havia se verificado uma quarentena massiva de milhões de pessoas simultaneamente e sem previsibilidade de término à vista, sob a perspectiva do aspecto negativo para a saúde mental19, no desenvolvimento do processo de vigilância, foram acrescentadas questões relacionadas ao bem-estar emocional dos trabalhadores rastreados.

Ainda que os resultados não tenham sido preocupantes no que se referem a sintomas de sofrimento mental, na interpretação dos resultados, a coleta de dados não foi anônima e, dessa forma, foi considerado o viés de desejabilidade social, no qual os respondentes podem ter amenizado queixas de sofrimento mental20. Sendo assim, faz-se necessário o aprofundamento da compreensão de qual foi o verdadeiro impacto da pandemia na saúde mental19.

Foram limitações do estudo o desenho transversal, que não permite analisar causa e efeito, além disso, é mister destacar o viés do primeiro autor, que atua como gestor médico do local de coleta de dados. No que concerne à potencialidade de novos estudos, destaca-se a relevância de se analisar o ambiente de trabalho enquanto protetor à saúde do trabalhador.

 

CONCLUSÕES

Foi implementado um processo de coleta de dados para o rastreamento de contatos que transcendeu o contexto da pandemia, abarcando temas de saúde mental e ambiente de trabalho seguro, e que fundamentou o planejamento de ações para a promoção da saúde no ambiente de trabalho.

Os resultados identificaram que profissionais que trabalhavam presencialmente apresentavam menores percentuais de confirmação de covid-19 em relação àqueles que trabalhavam remotamente, indicando a potencialidade das atividades de educação em serviço presencial e fiscalização de medidas de segurança como equipamento de proteção respiratória de alta performance, ou seja, que o trabalho modificado, com medidas de controle e prevenção, protegeu a saúde do trabalhador. Todavia também apontaram oportunidades de treinamentos voltados ao trabalho remoto.

Em relação à saúde mental durante a pandemia, os resultados não foram conclusivos e indicam a necessidade de acompanhamento dos profissionais para identificar potenciais agravos e sofrimentos mentais decorrentes da pandemia.

 

AGRADECIMENTOS

Aos integrantes do Departamento de Medicina Ocupacional e lideranças do Comitê de Crise da empresa, fundamentais na implementação do programa de vigilância em saúde descrito neste artigo.

 

Contribuições dos autores

CDA foi responsável pela concepção do estudo, investigação (inclusive coleta de dados), análise formal, administração do projeto, recursos/materiais, redação – esboço original e revisão & edição do artigo e validação da versão final. CHO foi responsável pelo tratamento de dados, análise formal e redação – esboço original e validação da versão final. DAP foi responsável pela concepção do estudo, metodologia, redação – esboço original, revisão & edição do artigo e validação da versão final. BM foi responsável pela supervisão, análise formal das informações, redação – revisão & edição do artigo e validação da versão final. Todos os autores aprovaram a versão final submetida e assumem responsabilidade pública por todos os aspectos do trabalho.

 

REFERÊNCIAS

1. Koh D, Goh HP. Occupational health responses to COVID-19: what lessons can we learn from SARS? J Occup Health. 2020;62(1):e12128.

2. Cucinotta D, Vanelli M. WHO declares COVID-19 a pandemic. Acta Biomed. 2020;91(1):157-60.

3. Zhu N, Zhang D, Wang W, Li X, Yang B, Song J, et al. A novel coronavirus from patients with pneumonia in China, 2019. N Engl J Med. 2020;382(8):727-33.

4. Aquino EML, Silveira IH, Pescarini JM, Aquino R, Souza-Filho JA, Rocha AS, et al. Social distancing measures to control the COVID-19 pandemic: potential impacts and challenges in Brazil. Cien Saude Colet. 2020;25(suppl 1):2423-46.

5. Kniffin KM, Narayanan J, Anseel F, Antonakis J, Ashford SP, Bakker AB, et al. COVID-19 and the workplace: implications, issues, and insights for future research and action. Am Psychol. 2021;76(1):63-77.

6. Calvo RA, Deterding S, Ryan RM. Health surveillance during covid-19 pandemic. BMJ. 2020;369:m1373.

7. Dehghani F, Omidi F, Yousefinejad S, Taheri E. The hierarchy of preventive measures to protect workers against the COVID-19 pandemic: a review. Work. 2020;67(4):771-7.

8. Bennett N, Lemoine GJ. What a difference a word makes: understanding threats to performance in a VUCA world. Bus Horiz. 2014;57(3):311-7.

9. Whiteman WE. Training and educating army officers for the 21st century: implications for the United States Military Academy. PA: Defense Technical Information Center; 1998 [citado em 4 out. 2021]. Disponível em: https://apps.dtic.mil/sti/pdfs/ ADA345812.pdf

10. Pagano M, Gauvreau K. Princípios de bioestatística. São Paulo: Pioneira Thomson Learning; 2004.

11. Brasil, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise em Saúde e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis. Vigitel Brasil 2006-2020: morbidade referida e autoavaliação de saúde. Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico: estimativas sobre frequência e distribuição sociodemográfica de morbidade referida e autoavaliação de saúde nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal entre 2006 e 2020. Brasília: Ministério da Saúde; 2022.

12. Ejaz H, Alsrhani A, Zafar A, Javed H, Junaid K, Abdalla AE, et al. COVID-19 and comorbidities: deleterious impact on infected patients. J Infect Public Health. 2020;13(12):1833-9.

13. Ingram C, Downey V, Roe M, Chen Y, Archibald M, Kallas KA, et al. COVID-19 prevention and control measures in workplace settings: a rapid review and meta-analysis. Int J Environ Res Public Health. 2021;18(15):7847.

14. Khajuria A, Tomaszewski W, Liu Z, Chen JH, Mehdian R, Fleming S, et al. Workplace factors associated with mental health of healthcare workers during the COVID-19 pandemic: an international cross-sectional study. BMC Health Serv Res. 2021;21(1):262.

15. Bulińska-Stangrecka H, Bagieńska A. The role of employee relations in shaping job satisfaction as an element promoting positive mental health at work in the era of COVID-19. Int J Environ Res Public Health. 2021;18(4):1903.

16. Andrejko KL, Pry JM, Myers JF, Fukui N, DeGuzman JL, Openshaw J, et al. Effectiveness of face mask or respirator use in indoor public settings for prevention of SARS-CoV-2 Infection - California, February-December 2021. MMWR Morb Mortal Wkly Rep. 2022;71(6):212-6.

17. Petherick A, Goldszmidt R, Andrade EB, Furst R, Hale T, Pott A, et al. A worldwide assessment of changes in adherence to COVID-19 protective behaviours and hypothesized pandemic fatigue. Nat Hum Behav. 2021;5(9):1145-60.

18. Breeher L, Boon A, Hainy C, Murad MH, Wittich C, Swift M. A framework for sustainable contact tracing and exposure investigation for large health systems. Mayo Clin Proc. 2020;95(7):1432-44.

19. Afonso P. The Impact of the COVID-19 pandemic on mental health. Acta Med Port. 2020;33(5):356-7.

20. Bergen N, Labonté R. “Everything is perfect, and we have no problems”: detecting and limiting social desirability bias in qualitative research. Qual Health Res. 2020;30(5):783-92.

Recebido em 4 de Outubro de 2022.
Aceito em 21 de Dezembro de 2022.

Fonte de financiamento: Nenhuma

Conflitos de interesse: O primeiro autor é Gerente de Medicina Ocupacional Corporativa do local de coleta de dados.


© 2023 Todos os Direitos Reservados