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Acesso aberto Revisado por Pares
RESUMOS EXPANDIDOS DE APRESENTAÇÕES DE CONVIDADOS

PROMOÇÃO DA SAÚDE NO AMBIENTE DE TRABALHO

HEALTH PROMOTION IN THE WORKPLACE

Alberto José Niituma Ogata1

DOI: 10.5327/Z16794435201816S1022

Atualmente, estão cada vez mais superadas as ações em saúde que visam unicamente cumprir as normas legais, as que são isoladas e pontuais não apresentam nenhuma conexão com as estratégias e políticas das organizações. Em geral, não são sustentáveis, são descartadas com as mudanças ou restrições financeiras e não trazem os resultados esperados.

Além disso, está bem clara a inconsistência da realização de atividades que visam unicamente o controle de fatores de risco para doenças ou acidentes e não propiciam aos participantes uma melhoria na sua condição de bem-estar, em suas várias dimensões. Certamente, o resultado é o baixo engajamento, a falta de sentimento de pertencimento do programa em relação ao conjunto dos trabalhadores.

Com o aumento das taxas de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), que são frequentemente preveníveis por meio da adoção de estilos de vida saudáveis, o ambiente de trabalho se constitui num espaço muito importante para contribuir na melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores. Neste contexto, constatamos que as empresas focam, em geral, unicamente no "o que" e no "como" em relação aos programas. Ou seja, realizam feiras de saúde, oferecem aplicativos, sessões de coaching, semanas internas de prevenção de acidentes de trabalho (SIPAT), palestras, academias de ginástica, etc. Mas, frequentemente, não se perguntam o "por que". Ou seja, qual a razão que a organização investe em programas de saúde e quais são os anseios e desejos dos empregados.

Reconhece-se que o local de trabalho é um espaço importante para os programas de proteção da saúde, promoção da saúde e prevenção de doenças. Enquanto os empregadores têm a responsabilidade de fornecer um local de trabalho seguro e livre de riscos, eles também têm grandes oportunidades para promover a saúde individual e um ambiente de trabalho saudável. A utilização de programas e políticas eficazes no local de trabalho pode reduzir os riscos para a saúde e melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores.

Além disso, se reconhece que a integração das estratégias é fundamental para ampliar o escopo de ação na busca de resultados mais robustos no que tange à promoção da saúde e qualidade de vida no trabalho. Esta abordagem integrada deve ter uma coordenação estratégica e operacional de políticas, programas e práticas que visem simultaneamente prevenir lesões e doenças relacionadas ao trabalho e melhorar a saúde e bem-estar geral da força de trabalho. Essas políticas e programas devem proteger a saúde dos trabalhadores, reduzindo ou eliminando o potencial de exposição a riscos de trabalho (proteção à saúde), promovendo também a saúde dos trabalhadores.

No entanto, mesmos os modelos lógicos mais bem estruturados e cientificamente embasados esbarram em um ponto básico. A adoção de comportamentos e estilos de vida saudáveis depende da escolha pessoal das pessoas. E, neste contexto, o atual cenário de obesidade, inatividade física, alimentação inadequada, uso abusivo do álcool exige soluções arrojadas e inovadoras, pois muitas das ações atuais carecem de maior engajamento dos participantes. Precisamos adotar estratégias para promover a saúde e pensar de forma ampla - desafiar-se a pensar em esferas de bem-estar, diferentes fases de mudança de comportamento e em todos os níveis da organização para maximizar as chances de sucesso. Assim, o sucesso dependeria da oferta de programas abrangentes de saúde combinados com a prontidão do indivíduo para mudar que são apoiados por gestores agindo como agentes de mudança em uma cultura de apoio ao bem-estar.

Há muitos anos os muitos empregadores adotam programas de promoção da saúde no ambiente de trabalho para lidar com o aumento do custo dos cuidados de saúde, os acidentes no trabalho, as faltas por doença, a incapacidade e a perda de produtividade. Um dos principais argumentos para fazer isso foi baseado em evidências científicas de que a promoção da saúde no ambiente de trabalho pode gerar um retorno sobre o investimento (return on investment - ROI) positivo. No entanto, hoje em dia os empregadores estão cada vez mais cientes de que a economia de custos é apenas um dos muitos benefícios que podem colher de um programa de promoção da saúde no ambiente de trabalho. Em particular, dado que os programas evoluíram ao longo das últimas décadas de programas exclusivamente centrados no individual, e frequentemente em partes isoladas, para programas mais abrangentes, que são construídos sobre uma cultura de saúde e integram componentes de saúde e segurança. Os empregadores estão percebendo o valor sobre o investimento (VOI) levando a um maior comprometimento com a organização (por exemplo, maior retenção de talento) e melhor desempenho geral dos negócios.

Finalmente, é importante considerar os determinantes sociais de saúde que são os fatores econômicos, sociais, culturais, psicológicos, comportamentais e sociais que influenciam a ocorrência de problemas de saúde em uma comunidade. Neste contexto, os profissionais de saúde em uma organização não devem trabalhar isolados, mas buscar conhecer tais determinantes, integrar o sistema de saúde, estimular o autocuidado em saúde e se integrar aos esforços da comunidade no campo da saúde e da qualidade de vida.

 

REFERÊNCIAS

1. Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Atlanta. Workplace Health Model. Disponível em: <https://www.cdc.gov/workplacehealthpromotion/model/index.html>

2. Edington DW, Pitts JS. Shared values, shared results: Positive organizational health as a win-win philosophy. Dee W. Edington and Jennifer S. Pitts; 2016.

3. Goetzel RZ et al. The relationship between modifiable health risks and health care expenditures: an analysis of the multi-employer HERO health risk and cost database. J Occup Environ Med. 1998;40(10): 843-854.

4. Prochaska JO, Velicer WF. The transtheoretical model of health behavior change. Am J Health Promot. 1997;12(1):38-48.

5. Pronk NP. Integrated worker health protection and promotion programs: overview and perspectives on health and economic outcomes. J Occup Environ Med. 2013;55(12):S30.


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