Resumo
INTRODUÇÃO: As patologias cutâneas representam mais de 35% das doenças relacionadas com o trabalho, afetando anualmente 1/1.000 trabalhadores.
OBJETIVOS: Caracterizar as dermatoses associadas ao trabalho em profissionais de um centro hospitalar e identificar possíveis agentes desencadeantes e fatores de suscetibilidade.
MÉTODOS: Estudo transversal com recolha da informação registrada no processo clínico eletrônico dos trabalhadores observados em exame de saúde periódico no período de um ano.
RESULTADOS: Nos 1.741 trabalhadores estudados, 3,56% tinham registro de dermatoses associadas ao trabalho, a maioria mulheres (76,85%). Dos profissionais com dermatoses, 34 (54,84%) tinham dermatite de contato irritativa, 17 (27,42%) urticária ao látex, seis (9,68%) dermatite de contato alérgica e cinco (8,06%) duas dermatoses concomitantes. Encontrou-se diferença estatisticamente significativa entre os vários grupos profissionais (p=0,008), sendo os auxiliares de enfermagem os mais afetados (5,11%). Verificou-se também maior prevalência (8,47%) em profissionais de blocos operatórios (p=0,001). Os principais agentes desencadeantes foram desinfetantes cutâneos, látex, luvas de nitrilo e contato prolongado com água (4,84%).
CONCLUSÕES: Por tratar-se de um estudo baseado em registros clínicos, a informação está dependente da qualidade destes. Para além disso, os auxiliares de enfermagem foram a maioria representada na amostra no que se refere à população do centro hospitalar, o que limita a extrapolação dos resultados. Este estudo encontrou prevalência de dermatoses de somente 3,56%, o que talvez se deva à implementação de medidas preventivas. Os profissionais mais afetados foram os de blocos operatórios e os auxiliares de enfermagem. Os desinfetantes cutâneos foram os principais agentes apontados como desencadeantes.
Palavras-chave: dermatite ocupacional; dermatite de contato; látex; urticária.