INTRODUÇÃO: A indústria de calçados utiliza como matéria-prima cola e solventes orgânicos (acetato de etila, acetona, xileno, tolueno, entre outros), substâncias que associadas a ambiente inadequado de trabalho podem potencializar agravos à saúde e interferir na percepção da qualidade de vida das trabalhadoras.
OBJETIVOS: Verificar a qualidade de vida de mulheres que trabalham na indústria calçadista e associá-la às morbidades referidas, ao ambiente de trabalho e aos hábitos de vida. MÉTODOS: Estudo transversal, com abordagem quantitativa, desenvolvido com 120 mulheres sapateiras da cidade de Franca, estado de São Paulo. Na avaliação da qualidade de vida, foi utilizado o World Health Organization Quality of Life instrument-Abbreviated version.
Resultados: As morbidades mais referidas foram ansiedade (65%), estresse (62,5%), irritação (49,2%), alterações do sono (35,8%), fadiga e câimbras (30%). O domínio com maior média de escore foi o físico (68,0), seguido pelo psicológico (67,1) e relações sociais (66,4). O domínio com menor média de escore foi o meio ambiente (53,5). Houve associação entre a qualidade de vida e as morbidades referidas: câimbras (p = 0,010), dificuldades respiratórias (p = 0,029), formigamento nos membros superiores (p = 0,010), diminuição da destreza manual, capacidade de trabalho e dor (p < 0,001); o domínio mais afetado foi o físico. Houve diferença estatisticamente significativa entre as médias dos escores no domínio físico (p = 0,006) para as mulheres que usam equipamento de proteção, o ruído no ambiente de trabalho interferiu no domínio relações sociais (p = 0,019) e a posição de trabalho nos domínios relações sociais (p = 0,021) e meio ambiente (p = 0,047).
CONCLUSÕES: As morbidades referidas e algumas condições de trabalho interferiram negativamente na qualidade de vida das mulheres.
Palavras-chave: qualidade de vida; ambiente de trabalho; estilo de vida; saúde do trabalhador.