INTRODUÇÃO: Os profissionais de saúde que prestam cuidados de saúde de natureza clínica encontram-se expostos a pacientes potencialmente portadores do agente da COVID-19, designadamente, médicos e enfermeiros, consequentemente apresentando um risco maior de infecção.
OBJETIVOS: O presente estudo teve como objetivo descrever a prevalência de casos de síndrome respiratória grave aguda pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) em profissionais de saúde e a frequência dos fatores de risco, nomeadamente, de natureza psicossocial.
MÉTODOS: Estudo transversal, tendo como população-alvo os profissionais de saúde a exercerem atividade profissional em Portugal na atual pandemia por COVID-19. Os dados foram obtidos através de um questionário de autopreenchimento disponibilizado on-line, entre outros, nos sites das ordens dos médicos e dos enfermeiros. Foi realizada análise univariada com cálculo de frequências brutas e relativas, bem como análise bivariada com recurso ao teste do qui-quadrado de Pearson.
RESULTADOS: Participaram do estudo 4.212 profissionais de saúde, dos quais 36,7% (n = 1.514) trabalhavam em áreas dedicadas ao tratamento de doentes (ou casos suspeitos) com COVID-19. Desses, 2,11% testaram positivo para SARS-CoV-2. Do total dos participantes, 76,7 e 79,1% apresentaram, respectivamente, níveis de fadiga e de ansiedade moderados a elevados. Os níveis de fadiga verificaram-se significativamente mais elevados nos profissionais que trabalhavam em área dedicada ao tratamento de doentes com COVID-19 (80,5% p = 0,01), mas o mesmo não foi verificado para a ansiedade (79,5% p = 0,681).
CONCLUSÕES: O percentual de profissionais de saúde que testaram positivo para SARS-CoV-2 foi 2,11%. Os elevados níveis de fadiga e de ansiedade reportados deverão determinar uma melhor proteção da saúde e segurança daqueles que prestam cuidados de saúde na atual pandemia.
Palavras-chave: saúde do trabalhador; saúde pública; COVID-19; profissionais de saúde.