INTRODUÇÃO: A pandemia causada pelo coronavírus 2 da síndrome respiratória aguda grave impôs restrição à circulação de pessoas, gerando uma nova dinâmica laboral, em especial no setor educacional, onde o trabalho remoto se tornou regra. A sobreposição de tarefas laborais com domésticas e o medo do vírus geraram sobrecarga adicional aos trabalhadores, com efeitos desconhecidos sobre sua qualidade de vida.
OBJETIVOS: Estimar níveis de qualidade de vida entre trabalhadores ligados à educação em trabalho remoto durante a pandemia causada pelo coronavírus 2 da síndrome respiratória aguda grave e identificar fatores associados.
MÉTODOS: Estudo transversal realizado em uma amostra de 317 servidores de uma universidade federal, entre 25/08/2020 e 11/09/2020. Foram aplicados questionários padronizados, envolvendo questões sociodemográficas e econômicas, utilizando-se a ferramenta Google Forms. Para avaliar a qualidade de vida, foi utilizado o European Health Interview Survey-Quality of Life 8 item index. A regressão linear múltipla foi utilizada para testar associações entre as variáveis, utilizando-se os escores de qualidade de vida como desfecho (alfa de 5%). O projeto foi aprovado pelo Conselho Nacional de Ética em Pesquisa, com Certificado de Apresentação de Apreciação Ética n.º 33636220.1.0000.0056.
RESULTADOS: No European Health Interview Survey-Quality of Life 8-item index, foram obtidos escores médios corrigidos de 3,5 ± 1,9. A qualidade de vida foi independentemente associada com idade (β = 0,01, intervalo de confiança de 95% 0,00 a 0,02, p = 0,015), atividade física (β = 0,19, intervalo de confiança de 95% 0,00 a 0,38, p = 0,049), tabagismo (β = 0,54, intervalo de confiança de 95% 0,19 a 0,88, p = 0,002), ambiente de trabalho específico (β = 0,14, intervalo de confiança de 95% 0,02 a 0,26, p = 0,023), atividades domésticas (β = -0,20, intervalo de confiança de 95% -0,32 a -0,08, p < 0,001), dificuldades financeiras (β = -0,26, intervalo de confiança de 95% -0,40 a -0,12, p < 0,001) e impacto do distanciamento no trabalho (β = -0,33, intervalo de confiança de 95% -0,47 a -0,19, p < 0,001).
CONCLUSÕES: A qualidade de vida foi razoável na amostra, sendo melhor em pessoas com mais idade, fisicamente ativas e não tabagistas e pior quando as condições socioeconômicas foram desfavoráveis. Isso ressalta a importância da construção de estratégias de suporte, enquanto presentes os efeitos da pandemia.
Palavras-chave: qualidade de vida; fatores de risco; saúde do trabalhador; COVID-19; teletrabalho.