CONTEXTO: A exposição ocupacional a poluentes pode ser reconstruída por meio dos registros dos serviços de medicina ocupacional de empresas, mesmo que estas tenham sido desativadas. Este é o caso dos prontuários dos ex-trabalhadores da metalurgia de chumbo em Santo Amaro da Purificação, BA, Brasil, onde foram registradas medições pontuais de monitoramento, por 18 anos, dos parâmetros de exposição (Pb-s) e de efeito (ALA-u).
OBJETIVOS: Considerando que uma medição pontual não reflete adequadamente a exposição ao longo do tempo, especialmente quando esta foi interrompida, procurou-se avaliar se a média no período estudado não seria um bioindicador mais consistente desse histórico.
MÉTODOS: Trata-se de um estudo descritivo de coorte de 92 ex-trabalhadores de metalurgia de chumbo. Obteve-se, nos prontuários, os valores pontuais de monitoramento, dos biomarcadores Pb-s e ALA-u, para cada trabalhador, ao longo do período de exposição (1975 a 1993). Estimou-se, para fins de comparação, a média dos parâmetros individuais e do grupo ao longo do período, bem como o valor médio, para o grupo, observado no momento da interrupção da atividade (1993).
RESULTADOS: A média de idade no ano da demissão foi de 47 anos e o tempo médio de exposição presumível foi de 11,5 anos. A maioria (73%) trabalhou na produção. Enquanto as médias de Pb-s e ALA-u, no momento da interrupção da atividade, foram de 43,3 ug/dL e de 5,4 mg/gr creat, as médias para o período de 1975 a 1993 foram, respectivamente, de 53,1 ug/dL e de 8 mg/gr creat; valores esses não só mais elevados, mas também com maior correlação (r) entre o parâmetro de exposição e o de efeito.
CONCLUSÃO: Conclui-se que, na falta de biomarcadores de exposição crônica, a média dos parâmetros no período pode ser considerada melhor indicador, operacionalmente simples, pela facilidade de cálculo e pela disponibilidade de dados em registro de prontuários.
Palavras-chave: Biomarcadores, biomonitoramento, chumbo, Pb-s, ALA-u, histórico de exposição, indicadores de exposição.