OBJETIVOS: testa-se a hipótese de que grupos ocupacionais das "ciências navais e administração" e "comunicação e eletroeletrônica” são fatores de risco para cânceres de cólon e reto (CCR), independentemente de fatores de confusão, identificando-se fatores modificadores de efeito para estas associações.
MÉTODOS: trata-se de estudo de caso-controle com óbitos de militares ativos, da reserva e reformados da Marinha do Brasil que faleceram entre 1991 a 1995. Os casos foram CCR (CID 9ª rev.153.0-154.9) e as demais neoplasias serviram de controle. Utiliza-se a análise de regressão logística não condicional.
RESULTADOS: observou-se a associação entre ocupações do grupo "ciências navais e administração" e óbito por CCR (ORbruta = 2,67, 90% IC: 1,51 a 4,74) e no grupo de "comunicação e eletroeletrônica" (ORbruta = 1,95, 90% IC: 1,02 a 3,74). No detalhamento das ocupações, nesses mesmos grupos, "Oficiais da Armada" (ORbruta - 3,76, 90% IC: 1,75 a 6,84) e "operadores de sinais e técnicos em comunicação" (ORbruta = 7,21, 90% IC: 2,56 a 20,31) foram ocupações com associações positivas. O risco de CCR foi mais elevado entre militares com até 20 anos de serviço no grupo ocupacional "comunicação e eletroeletrônica" (ORbruta = 7,20, 90% IC: 1,68 a 30,79) e ocupação "Oficiais da Armada" (ORbruta = 20,00, 90% IC: 3,15 a 126,97), comparados com os de maior tempo de serviço.
CONCLUSÕES: os achados indicam a existência de fatores de risco ocupacional para o CCR em ocupações específicas da Marinha do Brasil e sugerem a necessidade de investigações mais detalhadas, que incluam mensurações das exposições no ambiente de trabalho, confirmação diagnóstica dos CCR, com exames do anatomia patológica, além de variáveis do estilo de vida.
Palavras-chave: Câncer de Cólon e Reto; Mortalidade; Fatores de Risco; Ocupações; Militares; Marinha.