OBJETIVOS: O objetivo do presente artigo foi realizar uma revisão das principais evidências presentes na literatura relacionando Saúde no Trabalho e Síndrome Metabólica (SM) através de uma análise do trabalho em seu aspecto organizacional, e evidenciar os fatores de risco presentes no mesmo que podem levar ao possível desenvolvimento da Síndrome. A SM é um agrupamento de distúrbios que inclui resistência à insulina (RI), obesidade central, elevados níveis de triglicerídeos, baixos níveis de HDL e hipertensão arterial, e está baseada na presença de três ou mais destes componentes em um mesmo indivíduo.
MÉTODOS: Os artigos foram selecionados nas bases de dados Medline, Scielo e Pubmed existentes no período de janeiro de 2001 a março de 2011. A estratégia de busca utilizada foi a utilização das palavras chaves: trabalho em turnos (shift work), síndrome metabólica (metabolic syndrome), saúde do trabalhador (occupational health) e risco ocupacional (occupational risk), associados e isoladamente, o que proporcionou no total de 80 resultados na pesquisa. Os critérios de exclusão utilizados foram os seguintes: artigos não escritos em inglês e/ou português, artigos não disponíveis online, artigos publicados antes de 2001 e teses de mestrados de outros autores. O número final de artigos foi de 48.
RESULTADOS: Em 33 estudos analisados percebe-se uma associação entre SM e Trabalho nas seguintes atividades: trabalhadores de saúde, trabalhadores de turnos, trabalhadores da indústria (siderúrgica, metalúrgica, etc), motoristas (transporte de cargas/caminhões), policias e pilotos da aviação. Constam também os fatores de riscos presentes nestas categorias profissionais que podem favorecer ao desenvolvimento da SM, dentre os quais se destacam o estresse, sedentarismo, trabalho noturno (mais citados), excessiva carga de trabalho, alimentação inadequada e sobrepeso.
DISCUSSÃO: Diversas mutações monogênicas foram descritas como causadoras de Resistência Insulínica (RI) e SM. Apesar da clara participação genético-étnica na SM, fica evidente que a progressão epidêmica da SM nas últimas décadas pode ser explicada pela interferência de agentes externos, decorrentes das mudanças ambientais e do estilo de vida moderno, dentre os quais se incluem riscos existentes na esfera do trabalho. Verifica-se nos artigos analisados que existe uma maior prevalência da SM entre os trabalhadores de turnos (principalmente noturno) em comparação com os trabalhadores diurnos em ambos os sexos. Isso ocorre provavelmente devido a fatores como o impacto direto na perturbação do ritmo circadiano.
CONCLUSÕES: Percebe-se pelos artigos analisados que este tema é bastante atual e um fenômeno crescente que merece atenção, pois pode levar ao surgimento de doenças e distúrbios orgânicos como: diabetes, obesidade, hipertensão e apneia do sono. Deve-se ressaltar que a SM pode surgir em outros tipos de trabalho, sendo fundamentais novos estudos, em outros campos profissionais em função da importância da realidade endêmica verificada nos resultados encontrados até então.
Palavras-chave: trabalho em turnos; síndrome, metabólica; saúde do trabalhador; risco ocupacional.